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O valor do dejeto de suíno

<p>Leia artigo de Felipe Penter, MSc. Engenheiro Agrônomo.</p>

Redação (17/07/2008)- O problema ambiental causado pelos dejetos de suínos parece estar chegando ao fim. Iniciativas como os TAC’s, a reativação do Fórum Catarinense para o Controle da Poluição Ambiental por Dejetos de Suínos, a criação da linha de crédito Pronaf Eco e as diversas ações de conscientização ambiental nesta área, são alguns dos fatores que nos permitem acreditar que a suinocultura deixará o “status” de ser uma atividade poluidora.

 Outro fator que esta contribuindo para esta mudança de conceito são os aumentos anuais no custo de produção das lavouras de grãos. Estes aumentos em grande parte são devido às altas percebidas no preço dos adubos químicos. Devido a estes aumentos a busca por alternativas que possam reduzir as despesas para implantação das lavouras catarinenses passou a ter prioridade pelos produtores de grãos. Uma alternativa para que estes custos possam ser minimizados, é a utilização adequada dos dejetos produzidos pela atividade da suinocultura na adubação de base de nossas lavouras, pois o potencial fertilizante dos dejetos de suínos há muito tempo já foi comprovado. Digo utilização adequada, pois muito do que se vê por aí, é a aplicação sem controle algum sobre o volume e a qualidade do dejeto utilizado, muitas vezes, sem a interpretação de uma análise do solo.

Se levarmos em consideração que os teores de matéria seca nos dejetos de suínos é de 3% em média, para cada 1000 litros de dejetos de suínos teremos 30 kg de composto orgânico sendo que destes 2,8 kg são Nitrogênio (N), 2,4 kg Fósforo (P) e 1,5 kg de Potássio (K). Nossa legislação permite a aplicação de até 50000 litros (50 m3) por hectare, ou seja, o potencial de adubação é de 140 kg de N, 120 kg de P e 75 kg de K por hectare. Isso equivale aproximadamente seis sacos de uréia, seis sacos de Super triplo e 2,5 sacos de Cloreto de Potássio. Obviamente a recomendação da quantidade necessária dependerá de uma boa interpretação de uma análise de solo, que também dependerá de uma boa amostragem da área no momento da coleta do material para análise. A utilização adequada dos dejetos de suínos como adubo, poderá recuperar áreas com deficiência de matéria orgânica e por outro lado reduzir a pressão ambiental em áreas com excesso de dejetos. Este fato por si só justificaria estudos para se viabilizar o transporte deste adubo a longas distâncias. 

  Com os preços de algumas formulações de adubos químicos ultrapassando os R$100,00 aquilo que até pouco tempo era custo na atividade suinícola passa a ser uma importante fonte de agregação de renda para o suinocultor, ou seja, os dejetos de suínos podem ser usados na fertilização das lavouras como adubo orgânico, trazendo ganhos econômicos ao produtor rural, sem comprometer a qualidade do solo e do meio ambiente, desde que utilizados com critérios que propiciem o balanço de nutrientes entre solos e plantas.