Redação AI 03/03/2004 – 06h20 – Proibido pelo governo federal, desde 2001, e pelo governo goiano, a partir deste ano, o uso da cama de frango na alimentação de ruminantes, principalmente de bovinos, será rigorosamente fiscalizado de agora em diante. A promessa foi feita, ontem, pelas autoridades de defesa agropecuária do Estado, ao receberem técnicos do Ministério da Agricultura para um dia de palestras sobre o assunto, na sede da Secretaria da Agricultura.
O veto à cama de frango como alternativa de alimentação para bovinos decorre da constatação de que a presença de proteína animal na ração tem sido o principal vetor de disseminação do mal da vaca louca pelo mundo. Embora, desde 1996, esteja proibido o uso de proteína animal nas rações para ruminantes, o mesmo não ocorre com as rações para suínos e frangos, o que tornaria os resíduos de ambas as atividades impróprios para o arraçoamento de bovinos.
O secretário da Agricultura, José Mário Schreiner, diz que a estratégia do governo será a educativa, procurando informar o produtor sobre os riscos do mal da vaca louca e os prejuízos incalculáveis de um eventual aparecimento da doença no Estado ou no País. Ele argumenta que o produtor goiano já demonstrou elevada sensibilidade para com as questões de sanidade animal, como no caso do combate à aftosa, mas não exclui a possibilidade da punição para os recalcitrantes.
José Mário disse que uso da cama de frango na alimentação de bovinos “é crime contra a incolumidade pública, e como tal, deve ser denunciado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal”. Segundo ele, graças às providências adotadas pelo governo brasileiro a União Européia enquadra o País hoje no risco 1, o mais baixo da escala, mas tudo pode se inverter de uma hora para outra, caso se afrouxe os controles.
O presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Maurício Faria, lembra que a cama de frango não foi sempre uma alternativa de alimentação para o gado, mas pelo contrário, é prática relativamente recente, se comparada com seu uso na adubação e fertilização de solos.
O técnico Júlio César Pascale Palhares admite que a questão da cama de frango é complexa, porque sua comercialização tem peso importante na composição das margens de lucro dos avicultores.