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Transporte exige cuidados

Forma como o suíno é levado para o frigorífico pode afetar a qualidade da carne e o rendimento da carcaça.

Redação SI 21/04/2003 – Em uma criação de suínos, o produtor deve estar atento a todos os detalhes. Muitas vezes um pequeno problema ou mesmo um descuido pode causar complicações, com sérias consequências. Um dos pontos importantes é o manejo pré-abate. O pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves, afirma que a forma como o suíno é transportado para o frigorífico, pouco antes do abate, pode reduzir os ganhos do produtor.

Caso o motorista dirija com velocidade incompatível com as condições da estrada, os animais tendem a apresentar, depois de abatidos, menor qualidade de carne, fator que às vezes leva até ao descarte da carcaça. Segundo Osmar, existe a estimativa de que até 4% da carne produzida nas propriedades rurais acaba sendo desviada para produtos menos nobres, em virtude das lesões ocorridas nas carcaças durante o carregamento, transporte e abate dos animais.

O Grupo de Estudos e Pesquisas em Etiologia e Ecologia Animal (ETCO), ligado à Universidade Estadual de São Paulo, possui dados que mostram que nos países europeus com alta produção de suínos as perdas de manejo pré-abate não chegam a 1%. Já um levantamento feito no Canadá estimou que a produção de suínos no país perde U$ 15 milhões por ano em virtude de erros no manejo antes do abate.

De acordo com pesquisadores da Embrapa, todas as etapas do processo são de extrema importância. Por isso, o manejo antes do transporte e no momento da recepção dos animais no frigorífico também são fundamentais para a garantia da qualidade da carne.

Em Goiás

O transporte de suínos em Goiás é, na maioria das vezes, de responsabilidade do produtor. Os frigoríficos se encarregam dos animais a partir da pesagem inicial. De acordo com o presidente da Associação Goiana dos Suinocultores (AGS), Eugênio Arantes Pires, evitar as perdas durante o processo depende, basicamente, dos cuidados do produtor.

Entre eles está o jejum, que, segundo Eugênio, deve começar cerca de 12 horas antes do embarque. A distribuição dos animais no caminhão, assim como os cuidados do motorista durante o trajeto também são essenciais. Ele salienta que uma das prioridades da AGS é realizar palestras mensais para orientar produtores sobre os procedimentos corretos em todas as etapas da criação.

O proprietário do Frigosuíno Sol Nascente, Marcelo Rodrigues da Silva, afirma que atualmente os produtores estão se preocupando mais com o transporte dos animais, para evitar prejuízos. Marcos Enéas Jorge, proprietário da Granja Indiara, afirma que sua principal preocupação é com a sanidade. Seu estabelecimento, onde são produzidas matrizes, é controlado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele observa que o primeiro cuidado foi adquirir frota própria, com veículos apropriados para o transporte, com repartições e ventilação adequadas. Seus caminhões fazem apenas o trajeto granja-frigorífico, e após o desembarque dos animais são lavados e desinfetados. Entretanto, Marcos destaca que esses cuidados geralmente são tomados apenas pelas granjas maiores.

Recomendações

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ressalta a importância das medidas preventivas:

– O transporte deve ser realizado em caminhões adequados para essa finalidade, em velocidade baixa e sem freadas ou acelerações que tornem a viagem penosa para o animal;

– O ideal é que o transporte seja feito durante a noite, quando a temperatura é mais amena e o movimento nas estradas menor;

– Quantidade por carga é determinada tecnicamente, levando-se em consideração o espaço ideal para cada animal;

– É importante que os animais não sofram com a superlotação e nem sejam jogados de um lado para outro.