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Um bom começo

Investimento em boas medidas no período da maternidade pode evitar perdas e gerar ganhos para o suinocultor na época do abate.

A maternidade suína é um período complexo, curto e dinâmico. As atitudes tomadas durante essa fase apresentam resultados rápidos – sejam eles positivos ou negativos, impactando no número e qualidade dos leitões desmamados e posteriormente vendidos. Levando-se em conta diversos fatores, é possível ter uma previsão dos prejuízos e ganhos que a administração nesse período pode trazer ao produtor. Tais dados reforçam a importância de um bom começo.

O desempenho do leitão na maternidade está diretamente relacionado ao resultado final do suíno abatido e ao retorno financeiro do produtor. “Cada ganho obtido durante a maternidade é amplificado em todas as fases de produção. É o que chamamos de efeito multiplicador”, explica o veterinário especialista em suinocultura Glauber Machado, da Integrall Soluções em Produção Animal. Esse efeito multiplicador pode ser constatado especialmente no peso do animal, pois cada 1 quilo a mais do leitão durante a maternidade pode significar até 5,3 quilos adicionais de peso no abate. 

Mas para isso é preciso tomar várias medidas importantes, como “melhoria da condição corporal das matrizes, correção das estratégias nutricionais na gestação, ajustes de manejos e ambientes, incrementos na qualidade da ração de lactação, uso de uma medicação injetável preventiva, dentre outras”, enumera Machado. “Tais atitudes proporcionam melhoria no peso médio dos animais, redução na variação de peso da leitegada e menor mortalidade dos lactentes”, complementa. 

Tantos cuidados são imprescindíveis para garantir a qualidade de animais recém-nascidos, com um sistema imune ainda muito sensível, mas que precisam se desenvolver e atingir determinado peso até os 21 dias de vida – quando acontece o desmame. Tanto o peso quanto a idade média do leitão ao desmame são importantes indicadores de qualidade da leitegada. Por isso, o produtor deve traçar como objetivo um número de leitões desmamados por fêmea, dentro de um peso esperado para a idade, mantendo sempre a uniformidade da leitegada. A recomendação é de que o peso médio mínimo dos animais ao desmame seja de 300g por dia de vida, ou seja, leitões com 6,3 Kg aos 21 dias – somando uma média de 70 kg por leitegada. O desmame precoce resulta em leitões de baixo peso que, diferentemente dos demais animais, podem ser responsáveis por manter complicações clínicas no rebanho, além de amplificarem os problemas sanitários. 

Outro desafio da maternidade é controlar a mortalidade de leitões – que incluem todas as mortes que ocorrem desde o nascimento até o desmame do animal. Muitas mortes, assim como partos, acontecem durante a noite. “Por isso, ao contrário do que muitos produtores fazem, selecionar profissionais qualificados para o período noturno pode resultar em diminuição de perdas e problemas com a leitegada”, alerta Machado. 

O impacto das mortes durante a maternidade pode atingir aproximadamente R$ 100 mil ao ano, tomando por base taxas brasileiras, numa granja com mil matrizes. Utilizando preços médios de rações e de venda de leitões é possível estabelecer uma estimativa de perdas anuais de R$ 9.360,00 para cada ponto percentual de mortalidade (média de 12,5 nascidos vivos por leitoa). No Brasil, trabalha-se com 4,5% e 6% de taxa de natimortos e mortes na maternidade, respectivamente. Assim, podemos estimar perdas anuais de R$ 98.280,00 para cada mil fêmeas instaladas, devido às mortes na maternidade. Deixa-se ainda de faturar com a possível venda de mais 3.120 leitões durante o ano. 

Além das estratégias de manejo, do acompanhamento atento por equipe qualificada durante a maternidade, a prevenção e tratamento de doenças de suínos ajuda a garantir o desenvolvimento do leitão. Atualmente, existem medicamentos que asseguram a sanidade da leitegada, prevenindo e tratando doenças comuns dos suínos, como as respiratórias.