Redação SI (12/09/06)- Práticas usuais na suinocultura, como a irrigação de pastagens com as águas residuárias da produção são altamente prejudiciais ao meio ambiente. E a degradação acontece até mesmo nas poucas granjas que realizam o tratamento dos efluentes, devido a dificuldade em reduzir o teor poluente de elementos químicos físicos e microbiológicos. Essa constatação é fruto de uma pesquisa de mestrado desenvolvida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba-SP.
Acredito que a maioria dos produtores de suínos não tem sequer a
informação básica do nível de contaminação no meio ambiente” revela o
engenheiro civil e autor da pesquisa, Wagner de Oliveira. O
pesquisador constatou que a qualidade das águas residuárias têm teores físicos, químicos e microbiológicos que não atenderam as resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a USEPA – 2005 (US Environmental Protection Agency). Também foram analisadas amostras de solo, que apresentaram parâmetros, com teores acima do preconizado para o Estado de São Paulo, exceto pelo elemento químico boro.
O estudo foi realizado em uma granja suinícola localizada na
cidade de Salto, interior de São Paulo e considerada modelo no Estado.
O sistema de tratamento de dejetos da granja é composto por um tanque de decantação e seis lagoas de estabilização. No experimento foram avaliados o desenvolvimento das pastagens Brachiaria decumbens e Grama Estrela Cynodon plesctostachyum depois de irrigadas com os efluentes tratados, também chamados de biofertilizantes.
Quanto à produção e à avaliação do crescimento das pastagens,
observou-se que a produção de massa seca foi superior nos diferentes
tratamentos, em relação à área onde não houve irrigação. Utilizando
esse biofertilizante, verificou-se um incremento de 30% na produção.
Problemática ambiental
Para Oliveira, a pesquisa revela que a prática do agricultor nem
sempre é eficaz, porém resolve “a priori” os destinos dos efluentes,
garantindo-lhe uma maior produtividade, mesmo que isso acarrete
prejuízos ao solo pelo uso desse biofertilizante.
Além disso, ainda não existe uma legislação específica que trate dos
efluentes da produção animal, por isso, o estudo foi baseado em
legislações mais gerais, como o CONAMA e a USEPA, cujas regras valem
principalmente para o tratamento de esgotos e efluentes industriais,
bem menos tóxicos que os da produção animal.
A pesquisa, intitulada como “Uso de água residuária da suinocultura
em pastagens Brachiária Decumbens e Grama Estrela Cynodom
Plesctostachyum”, foi financiada pela Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
A pesquisa na íntegra está no link:
http://www.nupea.esalq.usp.br/pesquisawagner.pdf