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Afinal, ovo faz bem ou mal à saúde?

Veja a reportagem exibida pelo Fantástico no último domingo (21) sobre as qualidades nutritivas do ovo.

Redação AI 23/04/2002 – Bom, barato e saudável. Sua excelência, o ovo. Durante muito tempo, ele andou por baixo, acusado de ser um pacote de colesterol. Mas não perdeu a popularidade.

O consumo de ovo caiu quando se descobriu a relação entre o colesterol e as doenças do coração. Agora, os médicos estão reabilitando o ovo. Uma pesquisa com 120 mil pessoas, feita pela Associação Médica Americana, tirou do ovo a fama de vilão. Mas, atenção, o ovo pode ser bom pra uns, mas nem tanto pra outros.

“Se o indivíduo já tem uma doença do coração ou ele tem as gorduras do sangue aumentadas, ele é um vilão”, diz o nutricionista Sandra Ciock.

A nutricionista recomenda que o ovo seja frito em óleo vegetal, como o de soja. O consumo semanal deve ser moderado, porque o ovo está invisível também no bolo, no macarrão e em muitos doces. Diabéticos e cardíacos só podem comer ovo com autorização do médico.

O médico Sergi Salles Xavier adora ovo, mas recomenda alguns cuidados: “Existe uma recomendação: homens com mais de 35 anos e mulheres com mais de 45, dosem seu colesterol para que a gente possa ter uma idéia do risco de desenvolver doença coronariana. A questão não pode estar focada só no ovo. Ovo tem que ser visto no contexto mais amplo de hábitos gerais de vida, de modificações gerais alimentares gerais para que a gente possa avaliar adequadamente o seu papel”.

Alimento perfeito – Devemos ter mesmo sentimento de culpa diante de um ovo frito no prato ou no sanduíche? Durante muito tempo, os ovos foram considerados o alimento perfeito, até a descoberta do colesterol e sua associação com as doenças cardíacas. Uma gema de ovo tem mais de 200 mg de colesterol, dois terços da ingestão máxima diária recomendada. A partir daí, o consumo de ovo despencou. Mas, afinal, os ovos são mesmos os vilões do colesterol descontrolado?

No livro “Coma, Beba e Seja Saudável” – o guia de Alimentação da Harvard Medical School, publicado pela Editora Campus, o médico Walter Willet afirma que o foco sobre o colesterol ignorou o fato de que um ovo não deve ser olhado apenas como um pacote de colesterol. Aspectos posivitos dos ovos, segundo ele: “São pobres em gorduras saturadas e contêm muitos nutrientes benéficos proteínas, gorduras poliinsaturadas, ácido fólico e outras vitaminas do complexo B”. Na medida em que o organismo de cada pessoa reage de forma diferente à quantidade de colesterol na alimentação, o efeito do ovo sobre o risco de doença cardíaca não pode levar em conta apenas o teor de colesterol.

A principal tese de Willet sobre os ovos é: “Nenhuma pesquisa demonstrou que as pessoas que comem ovos sofrem mais ataques cardíacos do que as pessoas quem comem menos”. Ele cita uma pesquisa feita em 1999 nos Estados Unidos com 120 mil pessoas que consumiam até um ovo por dia. Constatou-se que essas pessoas não estavam mais propensas a desenvolver doenças cardíacas do que as pessoas que comiam menos de um ovo por semana. Mas, atenção: no caso dos diabéticos, parece haver uma ligação entre a ingestão de um ovo por dia e o desenvolvimento de doenças cardíacas.

De acordo com o médico, a pesquisa não autoriza ninguém a consumir um omelete de três ovos no café da manhã, mas alivia um pouco a culpa diante do ovo frito. Dependendo das alternativas no cardápio, o ovo pode ser mesmo a melhor escolha, sobretudo se for frito em óleo vegetal saudável – canola ou soja, nessa ordem. Para os mais sedentários, uma recomendação: a melhor dieta alimentar começa com uma caminhada diária de, no mínimo, 30 minutos em passos rápidos — vale tanto quanto uma corrida.