A crise oferece novas notícias ruins a cada semana – desemprego em alta, juros nas alturas, consumo em queda. Diante desses golpes, um grupo de brasileiros sabe exatamente como reagir: eles batem de volta. Fazem parte desse grupo os empreendedores atuantes no agronegócio. Como todo brasileiro, assalariado ou dono de um negócio próprio, eles sofrem efeitos da crise. Mas o setor aprendeu, durante as fases de instabilidade e bonança dos anos 1990 e 2000, a lidar com cenários variados.
Esses empreendedores diversificaram os negócios, acharam novos nichos de mercado, expuseram-se à concorrência global, tornaram-se mais produtivos, investiram em tecnologia e provaram que o investimento do governo em pesquisa para beneficiar o setor dá retorno concreto. As fórmulas vitoriosas do setor podem ser vistas em locais tão diversos quanto uma loja moderninha de queijos em São Paulo, uma fazenda de soja de Mato Grosso ou um cafezal em Minas Gerais. “No agronegócio, o país já formou mais de uma geração de profissionais com competência e capacidade de liderança”, afirma o engenheiro-agrônomo Décio Zylbersztajn, professor da Universidade de São Paulo. É uma receita útil para qualquer lugar.
Para tempo bicudos
Rosa Maria de Jesus, de 71 anos, já foi professora do ensino fundamental. Hoje, cria frangos. Até 2013, a aposentada tinha dúvidas sobre qual seria o melhor uso de seu sítio de 11 alqueires em Iguatu, cidade próxima de Cascavel, no Paraná. Foi convencida pela vibração local com o sucesso da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel). “A palavra que mais se ouve por aqui é confiança”, diz Rosa Maria.
Numa cooperativa, ao atuar em conjunto, os associados conseguem condições melhores para comprar, vender e tomar empréstimos. No primeiro semestre, a Coopavel abriu 364 postos de trabalho. “Temos 5.500 funcionários, entre eles 800 haitianos que chegaram em busca de abrigo e trabalho. E pretendemos contratar mais”, diz Dilvo Grolli, presidente da cooperativa. O carro-
chefe da Coopavel é a carne de frango. Em julho, a exportação nacional desse produto bateu recorde.
Para uma iniciante como Rosa Maria, foi ótima escolha unir-se a uma cooperativa e criar frangos, que crescem rápido, custam pouco e, em tempo de recessão, ganham espaço no cardápio das famílias. Ela começou com capacidade para abater 15 mil frangos a cada dois meses. Está em 55 mil e quer chegar aos 80 mil.
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