A agroindústria brasileira fechou 2009 com retração de 4,9%, desempenho inferior ao de 2008 (alta de 1,7%), mas superior ao desempenho da indústria em geral, que registrou queda de 7,4%. Os dados foram divulgados na última sexta-feira (05/02) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Técnicos do IBGE atribuem a queda da agroindústria no ano passado à crise econômica global e à seca na Região Sul do país, com a consequente redução de 8,3% da safra agrícola e o recuo de 28,7% nos investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas, além da queda de 2,1% na compra de adubos e fertilizantes e de 15,7% na aquisição de defensivos agropecuários.
A agroindústria apresentou resultados negativos nos quatro trimestres de 2009: -6,7% no primeiro; -4,2%, no segundo; -5,9% no terceiro; e -2,8% no quarto.
Ambos os semestres apresentaram queda, que foi de 5,3% no primeiro e de 4,5% no segundo. A retração menos intensa no segundo semestre se deve à melhora da atividade pecuária, que cresceu 1,8% no período.
O resultado da agricultura em 2009 foi influenciado negativamente pela estiagem, iniciada no último trimestre de 2008, sobretudo no Sul, principal região produtora do país, e pelo menor uso de adubos e defensivos, que contribuíram para a redução da produtividade e da produção.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a safra de grãos de 2009 foi a segunda maior da história (133,8 milhões de toneladas de grãos), resultado 8,3% inferior à safra recorde de 2008 (146 milhões de toneladas).
Em consequência da crise econômica internacional, houve queda no volume e no preço das commodities agropecuárias exportadas, com impacto negativo no resultado da agroindústria na comparação com o de 2008.
O setor de produtos industriais derivados da agricultura recuou 4,0% em 2009, com resultados negativos em seis dos oito subsetores pesquisados. De acordo com o IBGE, a queda dos derivados da cana-de-açúcar (-5,9%) é explicada pela redução de 15,4% na produção de álcool, devido ao direcionamento da safra para a produção de açúcar, que cresceu 4,0%, reflexo da alta dos preços internacionais, em função da queda da safra da Índia, o segundo maior produtor mundial.
Com isso, as exportações de açúcar subiram 24,8%, enquanto as vendas externas de álcool recuaram 34,7%. Outras influências negativas vieram dos derivados da soja (-9,1%), do milho (-2,4%) e do trigo (-4,2%), além do fumo (-2,4%) e da laranja (-9,5%). Já as contribuições positivas vieram do arroz (6,4%), produto direcionado ao mercado doméstico, e da celulose (0,2%), influenciada pela exportação.