Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Carnes

Aliança no setor

Cadeia produtiva de carnes quer aliança com Marfrig e JBS em 2010. Sindirações negocia com os frigoríficos.

Aliança no setor

Após um ano em meio à crise, a cadeia de carnes deve se unir no próximo ano. O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) está em negociações com os frigoríficos Marfrig e JBS-Friboi para que estes se filiem à entidade em meados de 2010. Segundo Mario Sérgio Cutait, presidente do Sindirações, as conversas estão avançando e a associação deve acontecer o quanto antes. “As grandes agroindústrias de aves e suínos já estão no nosso quadro, nada mais natural que a adesão dos bovinos”, disse Cutait, que também almeja ter a Brasil Foods no quadro de associados.

Enquanto o sindicato acerta a entrada de novas empresas, a saída da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram) em 2010 já é dada como certa e deve acontecer antes da mudança na diretoria do Sindirações.

Este ano, a demanda por sal mineral caiu 10% – de 2 milhões para 1,8 milhão de toneladas.

Entre outras propostas do sindicato para 2010, está a formulação de um código de conduta entre as indústrias de alimentação animal. A intenção é submeter questões de litígio entre empresas ao Sindirações antes de entrar em juízo, de modo a evitar que disputas internas entre as companhias cheguem à Justiça ou se tornem de conhecimento público, prejudicando a imagem do setor. O estatuto inclui ainda punições às empresas responsáveis por inflacionar o setor. O descumprimento das cláusulas que envolvem concorrência até comentários pejorativos contra a própria entidade poderá resultar em aplicações de multas de R$ 20 mil a R$ 500 mil e até a desfiliação da companhia envolvida.

Tamanha precaução deve-se a expectativa de um ano ainda difícil para o setor. Para o presidente do Sindirações, a proximidade das eleições e o reaquecimento da economia podem se reverter em pressão sobre o segmento. “Isso pode ocorrer do ponto de vista das negociações trabalhistas. A pressão para reajuste salarial vai existir, mas o setor não vai bem. Há muitas empresas da cadeia apresentando resultados negativos”, afirmou Cutait.

A indústria tentará ainda a extensão da desoneração de PIS/Cofins para o segmento de bovinos. Atualmente apenas aves e suínos são beneficiados. Em janeiro será apresentado ao Ministério da Fazenda um modelo de dimensionamento dos impostos sobre a receita do setor.

A produção na indústria de ração recuou 0,5% em 2009, de 58,6 milhões de toneladas para 58,4 milhões. O número aponta para uma recuperação tendo em vista que até o trimestre anterior a retração era ainda pior.

O Sindirações ainda não contabilizou o faturamento de 2009, mas até novembro a receita verificada pela entidade havia sido de US$ 14 bilhões. Em 2008, o setor encerrou o ano com faturamento de US$ 16 bilhões. Segundo Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindirações, o faturamento em 2009 deve ser equivalente ao ano anterior. O equilíbrio é atribuído aos ganhos de preços em alguns insumos e diminuição da demanda em outros. Ainda de acordo com Zanni, as expectativas para 2010 são de recuperação, alavancada pela retomada do setor de carnes, mas ameaçada pelo cambio desfavorável. “É um fator que pode comprometer o desempenho da indústria”, avaliou. Ainda assim, o crescimento previsto é de 5% a 10% em 2010.

Em 2009, inicialmente a previsão também era de expansão. Para o setor a crise não o havia afetado e que seria possível crescer, no entanto, já no primeiro trimestre a cadeia passou a sentir os primeiros impactos e a reavaliar as estimativas. “Fomos os últimos a entrar na crise e talvez sejamos os últimos a sair”, afirmou Cutait.

Ao longo do ano as exportações de carnes despencaram e os problemas se agravaram. Os pecuaristas preferiram manter o boi no confinamento, atrasando a demanda por rações. Esse cenário configurou-se junto à um excesso de estoques de sal mineral, o que comprometeu ainda mais a indústria de suplementos.

Outro fator que vale destacar é a opção do produtor em reduzir o uso de tecnologia. Com isso o volume de ração foi semelhante ao do ano anterior, mas a qualidade sucumbiu. Houve ainda uma intensificação do uso do milho, que estava com preços mais favoráveis aos criadores, em detrimento do uso de ração.