Que o suinocultor já sabe um bocado sobre alimentação líquida para suínos é certo, difícil conversar com alguém desta área que não saiba dos famosos 7% de ganho no resultado líquido ou ainda que essa prática já é bem comum na União Europeia (UE) e Estados Unidos (EUA).
Apesar de haver tanto conhecimento sobre o tema, bem como os prováveis ganhos, somente alguns desbravadores estão praticando essa técnica e se destacando no mercado nacional, o que gera um descompasso considerando o quanto são proativos em compartilhar seus avanços aos interessados em conhecê-los.
Talvez isso ocorra porque o suinocultor se desenvolveu sozinho, sem ajuda e por experimentação. Alguns dos mais proeminentes do país estão no negócio com a rota tradicional a décadas. Embora reconheçam que tudo o que sabem pode eventualmente não ser a técnica mais lucrativa, ficam inseguros ao arriscar algo que conhecem há tanto tempo por um ganho de performance que depende de tecnologia desenvolvida por terceiros.
Por que trocar a montanha russa da dependência, quase exclusiva das commodities, se ainda é possível prosperar no conhecido “um ano bom, um ano ruim”?
Não é simples para o ser humano se libertar dos hábitos, independente das informações disponíveis sobre as vantagens que ações inovadoras possam trazer. Naturalmente não seria diferente com o suinocultor quando o assunto é alimentação líquida para suínos e diante disso o contato com essa tecnologia no Brasil ocorre de duas maneiras bastante distintas.
A primeira e mais tradicional é pelo famoso “OITO OU OITENTA!” Os adeptos dessa opção começaram a trabalhar com a rota líquida há aproximadamente 15 anos e foram pioneiros. Orientados por empresas alemãs altamente qualificadas, converteram seus galpões para alimentação líquida e dominam bem o uso eficiente de matéria prima alternativa, conseguindo reduzir em até 50% a dependência da oscilação do milho no preço de venda dos seus animais. São produtores de nível industrial que agora em um mercado mais seletivo, têm dificuldade em crescer com a mesma base tecnológica em função do elevado investimento necessário para cada expansão que se planeje para o plantel.
A segunda e mais arriscada é a “APROXIMAÇÃO SUCESSIVA”. Fizeram por conta própria experimentos em suas propriedades tentando controlar cada variável que, eventualmente, mapeavam como ineficiente, até que conseguiram dominar a produção e entrega dos alimentos e, com os limites que a prática permite, aliaram investimentos mais conservadores aos resultados financeiros ligeiramente melhores que a técnica convencional.
Essas duas maneiras de relacionamento acabam representando a trajetória do suinocultor brasileiro com a alimentação líquida e evidencia a necessidade do mercado nacional em otimizar e reduzir a barreira financeira, permitindo a transição e automação progressiva dos plantéis existentes.
Por fim, resultados de tecnologia nacional já despontam com quase 100 mil suínos que contam uma trajetória de conexão entre a simplicidade desejada pelo suinocultor brasileiro, aliada a criatividade na ginástica financeira e tecnologias apoiadas em inovações como “Internet das Coisas”, “Hardware como Serviço (HaaS)” e “Inteligência Artificial”, detalhes essenciais que vão mudar todo o cenário de criação de suínos e aumentarão drasticamente a competitividade do suinocultor brasileiro frente ao mundo.
Nos próximos artigos conversaremos sobre os aspectos da alimentação líquida para suínos e a redução de custos operacionais do Brasil com suinocultura, sobretudo, a contribuição tecnológica para o setor.
* Leandro Pereira é Engenheiro Mecatrônico com 11 anos de experiência no controle de processos ligados aos animais de corte com destaque para a alimentação líquida para suínos é consultor da ALFA – Alimentação Líquida para Suínos. Para outras informações acesse www.alfasuinos.com