A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e de Investimentos (Apex) apresentou nesta terça-feira (06/12), em São Paulo, um balanço de sua atuação do ano e as novas diretrizes para 2017, parte de um reposicionamento da agência, agora vinculada ao Itamaraty.
A inserção da Apex no Ministério das Relações Exteriores, segundo o presidente da entidade, Roberto Jaguaribe, ajuda na ampliação da rede internacional, com o aumento do número de escritórios no mundo todo, e no desenvolvimento de estratégias de negócios, com mais aderência das negociações comerciais às demandas dos setores privados.
A Apex ainda quer buscar mais apoio do setor privado, reduzindo o percentual próprio de investimento em projetos de exportação para se tornar mais um apoio estratégico aos exportadores e também focar na atração de investimentos.
O enfoque da Agência no setor de exportação está no agronegócio e na melhora da competitividade em geral, envolvendo o aumento da produtividade, o custo e na infraestrutura. Nesse sentido, Jaguaribe destacou o custo logístico brasileiro, e deu o exemplo do custo do transporte de grãos.
“É mais caro levar os grãos do Mato Grosso ao Porto de Santos do que do Brasil à China”, afirmou.
Responsável por 50% das exportações brasileiras, a Apex destacou o uso da terra no Brasil pelo agronegócio e o crescimento da produtividade nos últimos 40 anos, para 4,5 toneladas por hectare, sem um aumento significativo da área de cultivo.
O embaixador destacou que o crescimento do agronegócio brasileiro não está ligado à desvastação e pode ser considerado altamente sustentável – outro dos focos da Apex, enfatizar essa imagem no mercado internacional, especialmente na Europa, para ganhar a confiança dos mercados consumidores.
Em relação a possíveis mudanças na relação com os Estados Unidos, Jaguaribe considerou prematuro fazer avaliações, mas uma questão da campanha eleitoral americana foi a pressão popular antiacordo Transpacífico, conhecido como TTP, que o presidente eleito, Donald Trump, disse que cancelará, o que pode ser benéfico para o Brasil, já que reduzirá as isenções a um grupo específico de países.
“Apesar disso, os EUA nunca foram consumidores relevantes do agronegócio brasileiro, até por serem muito protecionistas com seu próprio setor, com muitos subsídios aos seus produtores”, explicou o embaixador, que destacou a abertura do mercado de carnes, não tanto pelo volume de dinheiro envolvido, mas pelo potencial de melhorar a percepção e de ampliar o leque de negócios não só com os Estados Unidos, mas com o resto do mundo.
O Brasil foi, em 2015, o 7º destino de investimentos estrangeiros no mundo, mas a Apex ainda considera que há uma desproporção entre o tamanho da economia brasileira, a 8ª do mundo, e sua relevância no comércio exterior, em que ocupa a 25ª posição.
Entre os principais objetivos da Apex para o ano que vem também está o fortalecimento da imagem do país no exterior, muito arranhada pelo pelos escândalos de corrupção, a crise política e a econômica dos últimos dois anos.