A importação de carne suína norte-americana pelo Brasil está entre os acordos iniciados pelo governo brasileiro, após o encontro do presidente Jair Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. De acordo com nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os Estados Unidos e o Brasil concordaram com as condições científicas para permitir a importação de carne suína daquele país. A Suinocultura Industrial questionou o Mapa, por meio de assessoria, que informou não haver ainda nada oficial sobre o tema.
No começo da tarde desta quarta-feira (20), contudo, o Mapa encaminhou à imprensa comentário da ministra Tereza Cristina. Em relação ao pedido dos Estados Unidos de exportar carne suína para o Brasil, ela explicou que o governo brasileiro ainda está avaliando a parte sanitária do certificado de importação. “Não foi ainda concedida (a autorização para os EUA exportarem a carne), estamos ainda discutindo o certificado sanitário”, disse a ministra.
Os Estados Unidos são o principal exportador e o segundo maior produtor de proteína suína no mundo. O Brasil ocupa a quarta posição tanto em produção quanto em exportação. Dentre os estados brasileiros, Santa Catarina é o maior produtor. Devido ao fato de os dois países serem concorrentes na produção de carne suína, na avaliação de Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), causa estranheza que o Brasil comece a importar esse produto dos EUA.
“A notícia causou uma preocupação muito grande, porque anos atrás essa discussão começou, houve uma ação por parte de todas as associações e frigoríficos, e o governo voltou atrás”, disse.
Segundo ele, apesar de ser o principal exportador de carne suína no mundo, os EUA tem um custo maior que o brasileiro para produzir. “Isso ameniza um pouco a preocupação”, cita. Losivanio aponta, além disso, que a questão ainda está pouco clara. “Não sabemos como isso vai funcionar, o que o Brasil vai ganhar com isso.”
Para Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), é necessário que o setor mantenha a calma, porque é muito improvável que os EUA consigam exportar para o Brasil. “Devido aos custos, porque temos mercado muito bem abastecido e temos sobras para exportações”, destaca.
Ele aponta que os produtores norte-americanos dificilmente têm custos menores que os brasileiros. “Seria o mesmo que o Brasil querer exportar milho para os Estados Unidos, porque o custo deles é muito menor, eles são autossuficientes em milho”, explica.