Diferentemente do que se vê em boa parte da região metropolitana de São Paulo, onde predominam a sujeira e o mal odor gerados pelo acúmulo de lixo, no interior do estado as condições do rio Tietê surpreendem, quando não há problemas com falta de chuvas. Comboios de barcaças carregadas, principalmente com produtos agrícolas, dividem espaço com embarcações menores, de pescadores e até com turistas. É a parte do rio funcionando como via de escoamento da produção, gerando emprego e renda a milhares de famílias.
Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que a hidrovia Tietê-Paraná abrange um raio com 75 milhões de habitantes em cincos estados (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás).
Este importante canal de transporte, que ficou adormecido por quase dois anos devido à crise hídrica, está retornando à normalidade. Com as chuvas ocorridas especialmente no segundo semestre do ano passado e início de 2016, os níveis das águas foram restabelecidos a navegação liberada novamente. “Em dois meses e meio de retomada das operações, já fizemos 200 mil toneladas, volume em linha com a média normal que fazíamos antes das navegações serem suspensas. Agora, parece que o nível mínimo de águas determinado pelo governo veio para ficar”, afirma Guilherme Alvisi, da MRS Logística, empresa que opera a Ferronorte, ferrovia que faz a ponte entre a hidrovia e o Porto de Santos.
Soja, milho e farelo são os produtos que mais percorrem o Tietê dentro das barcaças, sendo responsáveis por quase metade de todo o volume movimentado. Em 2013, ano que antecedeu a paralisação da hidrovia, 2,9 milhões de toneladas dos três produtos passaram pelo rio. Maior parte dos grãos é carregada no município de São Simão (Goiás), onde está instalado um dos 30 terminais intermodais de transbordo existentes ao longo da hidrovia e segue até Pederneiras (SP) para então seguir de trem até o litoral paulista.