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Após trimestre fraco, Sadia aposta na China e reduz lançamentos

<p>Após resultados frustantes, a Sadia volta as atenções para a China.</p>

Redação (10/05/06) – Após um primeiro trimestre de “resultados muito frustrantes”, com forte queda nas exportações por causa do avanço da gripe aviária e do embargo russo às carnes, a Sadia vai colocar o pé no freio nos lançamentos de produtos para o mercado interno ao mesmo tempo em que volta as atenções para a China, país que acaba de habilitar fábricas da empresa para exportar a seu mercado.

 

Murat diz que Sadia deve começar a vender para a China no próximo trimestre

“Finalmente, fábricas da Sadia foram aprovadas para exportar para o mercado chinês”, comemorou o diretor de finanças da empresa, Luiz Gonzaga Murat, citando anúncio da última semana de abril, quando o governo brasileiro informou que a China habilitou mais oito estabelecimentos nacionais de carne de aves – dentre elas, estão as fábricas da Sadia em Concórdia (SC) e Uberlândia (MG) – e cinco de carne bovina, elevando para dez o número de plantas de aves e oito de bovinos autorizados a exportar para o país asiático.

A expectativa, segundo Murat, é começar a embarcar carne de frango para a China (provavelmente, aves inteiras), a partir do próximo trimestre. O que a Sadia espera da China? “O céu”, exagerou Murat, logo após apresentar os resultados da empresa para analistas ontem. “Já começamos a trabalhar para desenvolver esse mercado”.

Atualmente, a carne brasileira entra na China, em grande parte, via Hong Kong, mas as tratativas para comprar do país já começaram em 2004. “A China precisa comprar o produto brasileiro”, garante Murat.

Além da China, a Sadia também acredita em avanço em outros mercados da Ásia, mas Murat não revela quais. Segundo ele, a gripe aviária “abriu oportunidades” em países da região. Continuar crescendo na América Latina também está nos planos. Foi no continente, aliás, que a Sadia conseguiu compensar parte das perdas que teve nas vendas de carne de frango. A Venezuela, conforme Murat, ampliou os volumes importados, enquanto os embarques para Oriente Médio recuavam em decorrência do temor causado pelo avanço da gripe aviária.

A retração no Oriente Médio, aliás, foi uma das responsáveis pelo recuo de 19,7% nas exportações da empresa, que saíram de R$ 907,3 milhões no primeiro trimestre de 2005 para R$ 728,3 milhões no trimestre passado. Também por conta dessa queda, as exportações tiveram um peso menor no faturamento da Sadia, que somou R$ 1,751 bilhão. Da receita total, 58% foram provenientes do mercado interno e 42% no externo. No primeiro trimestre de 2005, 52% das vendas foram no mercado interno e 48% para o exterior.

A queda nas vendas para a Rússia também foi responsável por esse quadro, que levou a um recuo de 33% no lucro, para R$ 67 milhões. A Sadia perdeu participação em carne suína naquele mercado. Tinha 20% das importações no primeiro trimestre de 2005 e ficou com 10% no trimestre passado. Murat disse “não entender” o recuo, já que todas as empresas exportadoras só podiam embarcar carne produzida antes de 12 dezembro passado.

Apesar de reconhecer que “a capacidade no momento é melhor no mercado interno” – por conta da melhora na renda após a alta do salário mínimo -, Murat disse que a Sadia deve lançar a metade dos produtos que lançou em 2005. Naquele ano, foram 76 itens. Até março passado, a empresa lançou apenas 7. “Normalmente, lançamos um por semana. Mas vamos concentrar os esforços em itens que estão no mercado. Com crise, não podemos dar tiro para todos os lados”, afirmou o diretor de finanças.