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Mercado

Arábia Saudita importa menos frango brasileiro e China se torna principal mercado

Remessas de carne de frango para a Arábia Saudita tiveram uma queda de 21,3%; já China comprou 7,2% a mais no primeiro bimestre

Arábia Saudita importa menos frango brasileiro e China se torna principal mercado

O fim dos anos dourados do frango brasileiro no forte mercado da Arábia Saudita parece ter chegado para ficar. O país árabe foi o primeiro a importar essa proteína da indústria nacional, prosseguiu como o principal consumidor desde 1974, mas em 2018 reduziu em mais de 20% suas compras. No primeiro bimestre deste ano, as remessas para a Arábia Saudita continuam com o mesmo desempenho, com uma queda de 21,3% — foram US$ 169,55 milhões em 2018 e agora US$ 133,52 milhões em 2019.

A Arábia Saudita desabilitou 33 frigoríficos brasileiros da lista de exportadores de frango halal em janeiro deste ano. Até então, o Brasil tinha 58 frigoríficos aptos a exportar para a Arábia Saudita. No entanto, somente 30 realmente estavam enviando o frango halal para o país. Com a nova lista, este número cai para 25 plantas habilitadas a exportar.

Fontes ligadas ao mercado árabe apontam que a retração nas vendas para a Arábia Saudita se deve a medidas internas adotadas com vistas à segurança alimentar. Isso quer dizer que o país pretende depender menos da produção externa e incentivar o mercado doméstico. Tanto que os Emirados Árabes, outro grande consumidor do frango halal brasileiro — continuam comprando praticamente a mesma quantidade de carne.

Para Mohamed Hussein El Zoghbi, presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal), a questão do descredenciamento de frigoríficos pela Arábia Saudita se deve a inconformidades técnicas, mas que já foram resolvidas. Contudo, ele aponta também o interesse daquele país de fortalecer sua produção. “Eles têm uma produção forte também, mas que, naturalmente, não atende a demanda. Talvez [o descredenciamento] tenha sido um mecanismo para fortalecer a indústria interna. Todos os países fazem isso em defesa do mercado interno, inclusive o Brasil”, cita.

Quarto principal consumidor da proteína de aves da indústria brasileira, os Emirados Árabes responderam por 11% das importações no primeiro bimestre. Os números são praticamente os mesmos: US$ 91,5 milhões em 2018 e US$ 91,68 milhões em janeiro e fevereiro deste ano. Os Emirados Árabes tem como característica a compra da carne in natura produzida no Brasil para, posteriormente, agregar valor e exportar para os demais países consumidores do frango halal.

Crescimento da China

Para minimizar os impactos da perda da participação da Arábia Saudita, a indústria brasileira tem contado com o crescimento do interesse da China pela carne de frango nacional. O avanço das exportações para esse destino ocorre todos os anos. Em 2018, houve um incremento de 5% nas remessas para esse país, totalizando US$ 799,7 milhões. O montante é quase o mesmo que o registrado nas exportações de carne de frango para a Arábia Saudita, da ordem de US$ 803,81 milhões. Com esses resultados, cada um desses dois países respondeu por 14% do mercado externo para essa proteína.

Já nos dois primeiros meses de 2019, a China ultrapassou a Arábia Saudita pela primeira vez. O Brasil já enviou US$ 139,3 milhões em carne de frango para os chineses. Apesar das tarifas antidumping para o produto brasileiro, houve um aumento de 7,2% na comparação com janeiro e fevereiro de 2017. Nesse período, a China se tornou o principal mercado da proteína produzida no Brasil, com o equivalente a 16%.

A perspectiva do mercado, conforme relatório do Rabobank, publicado nesta quarta-feira (13) pela Avicultura Industrial, é de que a China continue a comprar mais carne de frango, principalmente como substituição pela perda de grande parte da sua produção de carne suína. O país já isentou 14 indústrias brasileiras das tarifas antidumping adotadas no ano passado. Segundo o Rabobank, a expectativa é de que as importações de carne de frango pelos chineses cresçam 5%. O cenário pode ser bom para o Brasil, aponta o banco, apesar de a Rússia e a Ucrânia terem despontado como concorrentes em 2018.