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Cooperativa

Aurora exporta mais suínos e lucra na pandemia com industrializados no mercado interno

Mesmo com um efeito negativo no mercado de food service, a conjuntura positiva nos demais segmentos em que a companhia atua leva à expectativa de fechar 2020 com alta de 2% a 5% em volume de vendas

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Cercada por uma tempestade quase perfeita no que se refere à oferta e demanda, a Aurora Alimentos viu as exportações de carne suína saltarem neste ano, na esteira da demanda chinesa, e ainda encontrou no segmento de industrializados uma saída para avançar em vendas internas durante a pandemia.

Mesmo com um efeito negativo no mercado de food service, a conjuntura positiva nos demais segmentos em que a companhia atua leva à expectativa de fechar 2020 com alta de 2% a 5% em volume de vendas de todos os produtos, disse à Reuters o diretor comercial, Leomar Somensi.

“Ainda temos uma valorização do dólar que impacta diretamente as exportações”, destacou o executivo, sem detalhar projeções sobre o faturamento da empresa.

Segundo Somensi, a Aurora é responsável por um percentual de 20% a 22% em toda a carne suína que é enviada do Brasil ao exterior.

Terceira maior fornecedora brasileira de proteínas suína e de frango, a cooperativa está atrás apenas das gigantes JBS e BRF no país.

Sobre o mercado externo, o diretor não acredita em um aumento substancial de consumo de carne suína no mundo. “O Brasil está suprindo o que veio (de demanda) em decorrência da peste suína (africana) na China”, disse.

A doença que dizimou uma parcela significativa dos plantéis chineses de suínos começou a se espalhar em 2018, mas se estende até os dias atuais.

DISPARADA

Entre janeiro e junho deste ano, as importações de carne suína pelo país asiático dispararam 142,7%, ao somarem 2,12 milhões de toneladas, conforme dados da alfândega, enquanto a produção local caiu cerca de 20% no primeiro semestre. 

Sem revelar com exatidão qual foi o aumento nas exportações da Aurora para a China, Somensi afirmou que a empresa acompanhou o crescimento de embarques ocorrido no Brasil.

Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que o país marcou alta de 37% nas vendas externas de suínos durante o primeiro semestre, atingindo 479,4 mil toneladas. 

Os embarques, considerando produtos in natura e processados, geraram receita de 1,076 bilhão de dólares no período, alta de 52,5% ante 2019, de acordo com a ABPA.

Principal destino da carne brasileira, a China importou 230,7 mil toneladas de suínos no primeiro semestre, uma disparada de 150,2% no ano a ano.

DENTRO DE CASA

Na Aurora, o aumento de produção chegou mais cedo.

“Começamos a investir na operação entre 2017 e 2018, e ficou pronto em 2019. Nós ampliamos a capacidade de abates e a produção aumentou em torno de 15%… em 2020 estamos colhendo esse fruto”, afirmou o diretor.

Segundo ele, apesar do surto de coronavírus em diversos frigoríficos no país, a companhia segue atendendo os protocolos sanitários contra a disseminação da doença e não teve nenhuma planta paralisada durante a pandemia.

Ele ainda disse que o aumento de abates que já estava em vigor desde 2019 não foi reduzido por conta da crise da Covid-19.

A única alteração operacional ocorreu no destino da produção.

“Em receita, normalmente temos 70% vindos do mercado interno e 30% do externo. Com a ampla demanda internacional, fizemos uma alteração, porém, não muito grande. Agora estamos com 65% mercado interno e 35% externo.”

Considerando frango e suínos, Somensi ressaltou que a China é destino de 40% dos embarques da Aurora.

O executivo disse que a companhia vende para 80 países, está em mercados importantes como Cingapura, Hong Kong, Japão, e é a única empresa habilitada pelos EUA para carne suína.

MERCADO INTERNO

Durante a pandemia, o bom desempenho da empresa no mercado doméstico só foi mantido graças aos industrializados de carne suína.

“O mercado interno, em frios e embutidos, teve um crescimento em plena pandemia. No primeiro semestre, o volume comercializado nesta categoria cresceu 1,5%. Isso é muito positivo”, afirmou o diretor, lembrando que entre maio e junho as vendas desses produtos tiveram alta de 5,4%.

“Tivemos impactos na cadeia de food service, mas o consumo no lar com estes industrializados foi bem positivo, e com a retomada da economia acreditamos em um cenário (ainda) melhor”, acrescentou.

Somensi avaliou que o auxílio financeiro fornecido pelo governo federal contribuiu para manter o consumo das famílias. Agora, ele acredita que, com a flexibilização da quarentena contra a Covid-19, possa haver recuperação do food service e geração de empregos.