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Exportações

Avanços nas vendas avícolas brasileiras à China dependem de novas plantas

Os chineses bloquearam suas importações de frango e ovos dos EUA devido a um surto de gripe no país. Para Brasil atender esta demanda seria necessária a habilitação de novas plantas.

Avanços nas vendas avícolas brasileiras à China dependem de novas plantas

Um surto de gripe aviária nos Estados Unidos foi o motivo do bloqueio das exportações de frango e ovos americanos à China, confirmado na última semana, uma oportunidade para os produtos brasileiros. Porém, as 29 plantas habilitadas atualmente não comportam um aumento nos embarques aos chineses.

O vice-presidente de aves na Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, explica que outras oito plantas brasileiras já foram certificadas pela China e dependem apenas do aval do governo chinês para iniciarem as vendas de frango. “Com isso nós já conseguiríamos suprir a lacuna de mercado deixada pelos Estados Unidos”, avalia o executivo.

Segundo Santin, o principal produto exportado pelos americanos no segmento era o pé de frango. Entre os meses de janeiro e novembro de 2014, foram embarcadas cerca de 75 mil toneladas, com uma receita em torno de US$ 85 milhões. Entretanto, com a capacidade atual, o Brasil tem potencial para suprir outra demanda chinesa, a de miúdos como o fígado.

Mercado
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, já se comprometeu a trabalhar para que as negociações sejam mais ágeis, mas o CEO da Unifrango Agroindustrial, Hudson Silveira, acrescenta que o Ministério já cumpriu seu papel e ainda cita a morosidade no processo de habilitação.

“Aqui, na Unifrango, foi pedida a habilitação de seis plantas e, até agora, apenas uma foi aprovada pelos chineses. Os frigoríficos, quando habilitados, costumam mandar a totalidade da capacidade para lá, porque é o mercado mais pagador”, conta Silveira.

Para ele, o embargo significa uma oportunidade para que as plantas brasileiras sejam habilitadas e o País possa participar mais deste mercado.

Em relação a preços, o possível aumento nas exportações é considerado uma ideia embrionária, que ainda não conseguiu afetar os valores da carne. O analista do Safras & Mercados, Fernando Iglesias, diz que a situação se assemelha ao que aconteceu com a Rússia no ano passado e o ideal é não criar uma euforia no primeiro momento.

As aves iniciaram o ano como a proteína mais barata, comparadas aos suínos e bovinos. Para os analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a diferença de preços entre as carnes é a maior dos últimos cinco anos, para a média da primeira quinzena de janeiro, reforçando o ganho de competitividade para o frango.

De acordo com pesquisadores, o rápido ajuste entre a oferta de animais para abate e, consequentemente, da carne, e a demanda da população impediram variações expressivas da carne de frango em 2014. Já para suínos e bovinos predominou a baixa oferta durante o ano, por conta das reduções de plantel (suíno) e pela seca (bovino), resultando em fortes elevações de preços. “Independentemente disso, vale lembrar que a produção brasileira de aves é altamente competitiva no mercado externo, e a desvalorização do real frente ao dólar colabora para as exportações”, completa o especialista do Safras & Mercados.

Estimativas
Considerando a habilitação das oito novas plantas para a China, o vice-presidente da ABPA espera aumentar os embarques de 220 mil toneladas para 300 mil, neste ano. Além disso, outras 23 unidades aguardam visita técnica.

O embargo
Em dezembro último, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou que o vírus da gripe aviária foi detectado em Washington, Califórnia e Oregon. A medida chinesa foi anunciada após mais de 20 países, incluindo Coreia do Sul e África do Sul, terem adotado restrições à importação de aves de algumas regiões norte-americanas ou de todo país.