Quase seis meses depois de ter sido acusada pelo Ministério Público Federal do Pará de contribuir para o desmatamento da Amazônia junto com outros frigoríficos de carne bovina, a Bertin S.A. está lançando um sistema que promete a rastreabilidade do produto e a garantia de que a carne provém de um processo sustentável.
A partir desta semana, a carne in natura comercializada com a marca Bertin, à venda no varejo, terá uma etiqueta com um código de rastreabilidade com informações sobre a origem do produto. O diretor marketing da companhia, Marcos Scaldelai, explica que o consumidor poderá ter informações sobre a origem e a garantia de que o produto não provém de animais criados em áreas de desmatamento e trabalho escravo.
Segundo ele, o consumidor deve digitar o número no site da Bertin para obter informações como a relação de fazendas que forneceram animais em determinado dia de abate e local das propriedades. Na própria página da Bertin, há um link para os sites do Ibama e do Ministério do Trabalho. No primeiro, o consumidor poderá checar se a propriedade de origem do boi está na lista das que desmatam ou não e no segundo, se há trabalho escravo.
Num primeiro momento, apenas a carne in natura produzida na unidade da Bertin em Lins terá a etiqueta, mas a partir de janeiro o sistema deve estar implantado nas demais plantas da empresa, segundo Scaldelai.
A Bertin foi incorporada pela JBS S.A em setembro deste ano, mas por enquanto as operações das empresas seguem separadas, já que o negócio está sob a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). De acordo com o diretor de marketing, a tendência é que sistema de rastreabilidade seja implantado também pela JBS no futuro.
Ele afirma que o sistema para garantir a sustentabilidade da carne já vinha sendo desenvolvido pela Bertin antes da ação do Ministério Público, em junho. Na ocasião, a empresa foi acusada de comprar bovinos de fazendas que desmatavam áreas da floresta amazônica e interrompeu a aquisição de animais dessas propriedades.