Redação SI 18/10/2004 – Minas Gerais é pioneira na implantação de unidade de biodigestores com tecnologia para seqüestro de carbono, diminuindo a poluição produzida pelos dejetos de suínos no Estado. O governo do Estado, através do Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com a empresa canadense Agcert e com a Sansuy, inauguraram, no dia 15 de setembro, na Granja Becker, Fazenda Macaúbas, no município de Patos de Minas (região do Alto Paranaíba) a primeira unidade de biodigestores do Brasil.
A unidade será responsável pela produção de gás, através da utilização de dejetos de suínos. A implantação da primeira unidade, de um total de 500 a serem instaladas em Minas, cumpre um contrato assinado entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), através do IEF, no dia 12 de fevereiro, com a Agcert.
“O uso de biodigestores é incentivado pelo mecanismo de desenvolvimento limpo, estabelecido pelo Protocolo de Kyoto, assinado em dezembro de 1997, no Japão, por diversos países membros da Organização das Nações Unidas”, explica o presidente da Agcert, Merrick Andlinger. “O documento estabeleceu diretrizes para criação de projetos do seqüestro de carbono, um mecanismo para redução do nível de gás carbônico na atmosfera”. A tecnologia dos biodigestores foi desenvolvida pela Sansuy com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) Campus Jaboticabal.
A implantação da tecnologia dos biodigestores, além de melhorar as condições do meio ambiente, pode ser uma fonte de renda para o produtor através da geração de gás e, conseqüentemente, energia elétrica e calor. “Esta foi a solução encontrada para o tratamento e destinação correta de dejetos produzidos pelos suínos, visando viabilizar a entrada de projetos de forma adequada em termos de preservação ambiental”, explica o Diretor Geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti.
“A mobilização de todos os setores da agropecuária é importante para difundir a técnica entre os produtores e melhorar as condições do meio ambiente”, observa Candeias. “Empresas canadenses e o Banco Mundial financiam a instalação do equipamento com linhas de crédito em troca de parte do gás produzido”.
Segundo Humberto Candeias, “além de utilizar o gás para substituir outras fontes de energia e produção de biofertilizantes em substituição a adubação química, o IEF está estudando a viabilidade de simplificação dos processos de licenciamento para quem optar pelo tratamento de dejetos através da implantação de biodigestores”. Em maio, um Programa de Treinamento de Biodigestor apresentou a diversos produtores rurais do Estado as possibilidades do uso da técnica.
Atualmente, a suinocultura está presente em cerca de 40% das propriedades rurais do Brasil. O IEF vem incentivando o uso de biodigestores tanto como forma de produção de energia como para diminuir a poluição. “Os dejetos das criações de suínos têm um potencial poluidor muito grande, afetando principalmente os cursos d`água próximos às fazendas e provocando o efeito estufa que destrói a camada de ozônio”, explica Candeias.
“Os biodigestores são equipamentos que permitem o acúmulo de gases que são queimados durante o processo e transformados em novas fontes de energia limpa”, observa o presidente da Agcert, Merrick Andlinger. “O trabalho vai minimizar os efeitos degradadores do meio ambiente, gerando renda e economia para as propriedades”.
O que é o Biodigestor?
O biodigestor é o local onde ocorre a digestão anaeróbica dos dejetos. As bactérias são as principais responsáveis pela degradação da matéria orgânica e produção do biogás. O biodigestor capta o calor do sol, aquecendo a matéria orgânica em fermentação, eliminando os coliformes fecais, odores e criatórios de moscas. O processo de fermentação dos dejetos, liberação do biogás e do biofertilizante ocorre em cerca de 20 dias.
A unidade é composta por uma câmara de digestão e de um gasômetro sob uma estrutura plástica de PVC flexível. Tubulações permitem o abastecimento com os dejetos e saída do gás e do biofertilizante. O gás resultante pode ter uso doméstico como em fogões e geladeiras, para iluminação, como combustível para motores e geradores de energia elétrica.