Uma propriedade suinícola gera um grande volume diário de dejetos orgânicos, oriundos das fezes e urina dos animais. Toda essa quantidade de resíduos é passível de forte impacto ambiental, mas que tem sido solucionado pelos produtores com a adoção de biodigestores em seus sistemas produtivos. O processo de digestão anaeróbia proporciona um manejo adequado desses dejetos, gerando ainda o chamado biogás, cujo aproveitamento econômico entra em uma nova fase.
Há pouco mais de dez anos, os biodigestores voltaram a ser uma alternativa importante dentro do tratamento dos dejetos. O uso desta tecnologia remonta os anos 1970 no Brasil, mas problemas relacionados ao incorreto manejo dela nas propriedades rurais levaram a seu quase abandono. O retorno dos biodigestores foi impulsionado principalmente pelas políticas internacionais de redução de gases de efeito estufa e criação dos chamados créditos de carbono, dentro dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Além disso, novos tipos de materiais para a sua instalação facilitaram também o manejo.
Com a venda dos créditos de carbono – hoje, praticamente inexistente – boa parte do biogás era queimada, transformando metano em dióxido de carbono, gás com menor potencial poluente. Granjas maiores do país começaram a também usar o biogás na geração de energia elétrica para autoabastecimento do seu sistema produtivo. A medida gera um impacto positivo para o produtor, pois transforma um passivo ambiental em um ativo econômico.
Antes viável a propriedades maiores, a geração energética a partir do biogás tem ganhado espaço e legislação específica, principalmente no Paraná. A região oeste do Estado tem abrigado projetos em envolvem um pool de granjas suinícolas, seja para fornecimento do biogás a uma usina geradora ou dos dejetos em unidades comuns de biodigestores. Os projetos têm acompanhamento do Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás), que integra o Parque Tecnológico de Itaipu, como pode ser visto em matéria publicada nessa edição, a qual aponta, além de tudo, uma grande tendência de crescimento dessa área em todo o país.
Boa leitura a todos!
Humberto Luis Marques