“Estamos vendo um patamar de preço do suíno compatível com o custo de produção. Além disso, tradicionalmente, a partir do segundo semestre começa a perspectiva do aumento de consumo da carne, com a aproximação do final do ano. Dessa forma, temos esperança de que a suinocultura vai viver um segundo semestre equilibrado”, afirmou o presidente da Cooperativa Frimesa, Valter Vanzella.
Crise amenizada – Na avaliação dele, a crise gerada pelo embargo russo a frigoríficos brasileiros já foi amenizada. “Exportamos alguma coisa através de outros clientes internacionais. O mercado interno absorveu uma boa parte. A produção foi reduzida através do abate prematuro do animal. Ao invés de esperar para abater um animal com 110 a 120 quilos, eles forma abatidos com 80 a 90 quilos. Isso reduziu a oferta de carne e estabilizou o mercado”, afirmou. De acordo com Vanzella, o mercado internacional apresenta variáveis preocupantes. “A Rússia, por exemplo, tem se tornado um cliente de volume, mas é um cliente instável e toda vez que eles dizem que, por algum motivo, não vão comprar e criam dificuldades, como essas barreiras sanitárias, isso acaba gerando uma oferta grande no mercado interno e, como consequência, uma crise na atividade, que afeta a indústria, o produtor, enfim, toda a cadeia. Isso é prejudicial porque você não monta uma estrutura de produção sazonal. É preciso ter constância e a carne é diferente da soja, por exemplo, que, se em determinado momento um grande cliente não compra esse produto, o grão fica estocado. A carne tem que fluir e, se isso não ocorre, gera uma preocupação muito grande”.
Câmbio – Para Vanzella, no entanto, os clientes instáveis não são os principais fatores que afetam a venda externa da carne suína brasileira. “O grande vilão é a política cambial do Brasil e o Real supervalorizado. Não é possível exportar, mesmo que tenhamos clientes, com esse patamar de dólar”, afirmou. “É uma situação bastante complicada. Ainda bem que nós não temos uma grande dependência do mercado externo. As exportações brasileiras de carne suína não são tão expressivas. O grosso é escoado no mercado interno. Eu acho também que o produtor brasileiro e a própria indústria tem que ter um pouco de cuidado em montar uma estrutura dependente do mercado internacional, principalmente no caso da carne suína”, acrescentou.
Maior valor agregado – A Frimesa abate atualmente de 4 mil a 4 mil e 200 suínos por dia e produz cerca de 300 toneladas diárias de produtos industrializados, que geram um faturamento médio de R$ 80 a R$ 90 milhões por mês. De acordo com Vanzella, a cooperativa está investindo fortemente na transformação da carne suína em produtos de maior valor agregado e planeja aumentar essa produção. “A nossa meta é chegar ao abate de 6 mil suínos por dia, junto com as cooperativas filiadas, e atingir 600 toneladas por dia de produtos industrializados”, ressaltou. Hoje, mais de 95% da produção da Frimesa é vendida no mercado interno. “Isso nos dá um certo conforto. Recentemente, o preço do suíno estava girando em torno de R$ 1,70 a R$ 1,80 o quilo e nós praticávamos o preço ao nosso produtor na casa de R$ 2,30 a R$ 2,40. Assim, ele praticamente não sentiu a crise da suinocultura porque quem bancou essa remuneração foi a indústria, devido a essa condição de agregar valor ao produto”, ressaltou. “Estamos com o projeto de ultrapassar a casa de R$ 1 bilhão de faturamento neste ano e hoje a carne representa aproximadamente 60% do nosso faturamento”, completou Vanzella.