A BR Frango negocia com três fundos de investimentos um aporte de capital para tornar viável um ambicioso plano de investimentos que a transformaria na terceira maior processadora de frangos e suínos do país.
O presidente e sócio majoritário da companhia, Reinaldo Morais, afirmou ontem ao Valor que mantém conversas com um fundo de capital nacional e dois estrangeiros – um da Europa e outro do Oriente Médio – interessados em entrar no segmento.
O executivo afirma que o novo sócio deverá ter uma fatia próxima de 30% no capital da BR Frango. Segundo ele, a negociação deve ser concluída nos próximos meses.
A BR Frango estreou no mercado há apenas uma semana, com a inauguração de sua primeira unidade de produção em Santo Inácio (PR), mas os planos são ousados. “Queremos ser a terceira força do país [atrás de BRF – Brasil Foods e Seara, da Marfrig]. O mercado carece de uma terceira marca”.
Morais, ex-sócio da Frangobras, vendida em 2007 para a americana Tyson Foods, quer transformar a nova empreitada em uma holding nacional, com participação majoritária em pelo menos cinco novas plantas. O grupo estuda, ainda, a aquisição de unidades já existentes na região Sudeste, a fim de atender sobretudo ao mercado de frango resfriado de São Paulo.
Ao todo, o plano de investimentos da companhia até 2017 é estimado em R$ 800 milhões. Se concretizados, nos prazos e custos estimados, a empresa pretende chegar a 2014 com uma receita de R$ 1 bilhão. Até 2017, o objetivo é alcançar R$ 3,5 bilhões.
Nas contas do empresário, a nova empresa pode abocanhar até 20% da produção doméstica de aves e suínos ao fim desse período. A estimativa é que 60% da produção vá para o mercado externo, principalmente Oriente Médio e Europa.
A unidade paranaense, que deve encerrar o ano com capacidade diária de abate de 210 mil aves, consumiu R$ 120 milhões – dos quais R$ 60 milhões financiados pelo BNDES. Até 2013, outros R$ 35 milhões devem ser investidos para de dobrar esse volume.
No segundo semestre, a empresa pretende começar as obras de sua segunda planta, em Campo Novo do Parecis (MT), com capacidade semelhante à da unidade paranaense e investimentos calculados em R$ 150 milhões.
A companhia pretende começar ainda em 2013 a construção de uma unidade de suínos no Centro Oeste, com capacidade para abater 4 mil animais por dia, na qual deve aplicar outros R$ 80 milhões.
Até 2014, quer iniciar a construção de mais uma ou duas processadoras de aves nas regiões Norte e Nordeste – “um mercado muito promissor, que cresce com o aumento da população e da renda, e importa quase 90% do frango congelado que consome”. O local dessas fábricas não está definido.
Morais diz que, além do reforço financeiro, a entrada de um fundo de investimento no capital da BR Frango ajudaria a “lastrear” a empresa no mercado financeiro, “que ainda vê o setor com desconfianças”. Além disso, prepararia a companhia para uma futura oferta de ações.
Caso o sócio não venha, a estratégia será buscar parceiros locais para cada empreendimento. “Nossa estrutura é de unidades de produção independentes, com constituição jurídica própria. Isso facilita a entrada de investidores com interesse específico numa planta”.