A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou ofício a Sadia e Perdigão questionando os termos da associação entre as empresas , anunciada semana passada. A demanda da CVM não é aberta ao público, mas, pela resposta das companhias ao mercado, enviada na terça-feira, a autarquia entende que o negócio exigiria a criação de um comitê independente. Este teria o papel de analisar a relação de troca de ações proposta entre as empresas, respeitando um parecer publicado em setembro de 2008 pela CVM.
O parecer prevê a criação do comitê independente sempre que houver uma operação entre sócios controladores e administradores de empresa controlada. A medida teria o objetivo de garantir a independência dos interesses da empresa e dos demais acionistas.
No comunicado, as empresas argumentaram que toda a negociação – incluindo a relação de troca entre as ações – foi realizada entre duas companhias independentes. E que a Sadia só será efetivamente uma controlada da Brasil Foods (a empresa que será criada após a união) depois de cumprir diversos requisitos. Elas não descartaram a criação de um comitê no futuro, que terá o poder para aprovar ou não a relação de troca proposta.
“O que está por trás disso é a falta de clareza. Quando a Votorantim Celulose (VCP) comprou a Aracruz, ela deu uma referência ao mercado, explicando como tinha sido calculada a relação de troca, com base nas cotações nos pregões anteriores ao anúncio, embora o valor fixado seja questionável. No caso de Perdigão e Sadia, o critério foi a quantidade de ações que os controladores aceitaram receber pela nova empresa a ser formada. Não houve explicação sobre como foi feito o cálculo, se foi usado valor patrimonial, econômico ou de mercado das empresas”, disse um analista, que preferiu não ser identificado.