A Brasil Foods apenas sentirá algum efeito do acordo aprovado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no próximo ano, quando venderá os ativos determinados pelo órgão antitruste, ao mesmo tempo em que iniciará a suspensão temporária das marcas Perdigão e Batavo, disse nesta quarta-feira o presidente da BRF, José Antônio Fay.
“Estamos mais do que vendendo ativos e marcas, no fim do dia estamos vendendo um negócio… Mas este ano não vai acontecer a alienação, é um processo que vai acontecer em 2012, o que significa que em 2011 não terá nenhum reflexo”, declarou a jornalistas.
Entre alienação de ativos e marcas que serão suspensas, o acordo aprovado nesta quarta-feira no Cade prevê um impacto anual de cerca de 3 bilhões de reais. Entretanto, Fay avalia que a companhia ainda poderá terminar 2012 numa situação positiva.
“Estamos sofrendo restrições no mercado interno, e vamos continuar crescendo, garanto que terminaremos 2012 muito melhores do que terminaremos 2011. Não saímos de nenhuma categoria de produtos, as categorias (mercados) estão intactas, as marcas é que têm que ser suspensas”, afirmou.
A BRF continuará com a sua principal marca, a Sadia, e terá de vender somente marcas menos conhecidas do público, enquanto a Perdigão e a Batavo sofrerão suspensões temporárias em alguns segmentos cujo período varia de acordo com o produto.
No caso da Batavo, a suspensão não envolve produtos da linha de lácteos, segmento que não havia concentração de mercado entre as empresas.
Fay lembrou que, uma vez finalmente aprovada a incorporação da Sadia pela Perdigão, que deu origem à BRF, a companhia poderá ainda a partir de 2012 capturar sinergias de 500 milhões de reais por ano.
Os prazos para a negociação dos ativos estabelecidos pelo Cade, assim como a suspensão das marcas, são confidenciais. Mas a suspensão só ocorrerá quando a venda dos ativos for realizada, em 2012.
O acordo no Cade prevê ainda que a BRF venda determinados ativos, como unidades produtoras e marcas, para um só comprador, para que seja criado um concorrente de porte com poder de competir com a própria companhia.
“O que está acontecendo é que no final do dia estamos criando mais um concorrente”, destacou Fay.
Esse novo concorrente, outras empresas, assim como a própria BRF, deverão disputar o mercado dos produtos da BRF cujas marcas serão suspensas (Perdigão e Batavo).
“Todas as companhias podem disputar o volume”, disse o presidente, sem especificar qual seria a participação de mercado que estaria sendo disputada.
Com o fim da suspensão temporária da marca Perdigão, a empresa poderá voltar a utilizá-la, o que foi considerado positivo pelo executivo.
“A marca Perdigão fica firme e ativa, é uma parte do acordo que considero muito boa, não podemos confundir com o caso da Kolynos, onde a marca foi extinta.”
Venda de ativos – O executivo evitou comentar sobre o valor dos ativos que terão de ser alienados e também não comentou se há interessados firmes pelo o que a BRF terá de vender. Apenas disse que “o número de amigos subiu muito nos últimos tempos.”
Ele afirmou que a empresa não se importa se tiver que vender para os concorrentes. “Vendo para quem pagar mais, acho que temos competência, recursos, gente, pra concorrer com qualquer um. Concorremos com JBS, Tyson… Somos eficientes nos segmentos que trabalhamos, vamos vender para quem pagar mais mesmo.”
Sobre o destino dos recursos dos ativos a serem vendidos, ele não foi específico, afirmando que isso será decidido mais adiante.