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Agroindústrias

Brasil Foods: Prioridade é crescer no mercado internacional

Nova "Brasil Foods" que incrementar as vendas de seus produtos no mercado externo.

Com um mercado consolidado no Brasil, onde desfruta de posição confortável em quase todos os segmentos em que atua, a nova Brasil Foods deve concentrar suas forças no exterior a partir de agora. Após a fusão, ela assume posição de peso entre as maiores empresas de alimentos do mundo e começa a brigar de igual para igual por esse mercado bilionário. O primeiro passo nesse sentido é a suspensão dos planos de vender a fábrica da Sadia em Kaliningrado, na Rússia – decidida por causa do agravamento da crise provocada por operação com derivativos -, e a retomada do projeto de construção de uma nova unidade nos Emirados Árabes.
Hoje, as vendas para o exterior respondem por 46% do faturamento da Sadia. Na Perdigão, correspondem a 39% do total. A estimativa de analistas é que essa participação aumente. “Juntas, as duas vão ter mais forças para atingir novos países e crescer mais rápido no mercado mundial”, afirma um analista que acompanha as duas empresas. Segundo ele, a nova escala somente acelera esse movimento, uma vez que as companhias já se beneficiam de vantagens competitivas do País. “O custo de produção da carne brasileira já é mais baixo, e ainda virão os ganhos das sinergias.”

O mercado de aves terá destaque ainda maior nesse novo cenário. O Brasil, que lidera o ranking dos maiores países exportadores de frango, vem aumentando o volume vendido a cada ano. Em 2008, o crescimento, em dólares, foi de 40%, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef). “Com a crise, o frango deve ser a carne menos afetada no mercado, por ter o melhor custo-benefício”, diz o analista da SLW, Cauê Pinheiro. Segundo ele, as vendas de suínos devem sofrer algum impacto por causa dos casos do vírus H1N1 surgidos recentemente. A carne bovina, por sua vez, tem custos de produção mais altos.
Para o diretor técnico da consultoria Agra FNP, José Vicente Ferraz, a perspectiva traçada há alguns anos para o setor de alimentos, em que a demanda cresceria enquanto as áreas de produção ficariam cada vez mais escassas, permanece mesmo com a crise. E beneficia a nova multinacional brasileira de alimentos. “A tendência de urbanização e de ganho de renda em países como China e Índia é irreversível. As carnes são produtos que devem ser beneficiados muito fortemente por essa demanda extra”, acredita Ferraz.
Na briga por esses novos consumidores, Sadia e Perdigão, agora unidas, vão competir com outras gigantes, como as norte-americanas Tyson, Kraft e General Mills. “Os Estados Unidos são de longe o maior concorrente no mercado mundial”, diz o diretor da Agra FNP. Segundo ele, os americanos também têm armas poderosas nesse mercado. “Eles têm muita produtividade por causa do milho e um grande mercado consumidor. Além disso, compensam a mão de obra cara com seu peso no mercado mundial, que garante acesso privilegiado a outros países e poder de barganha”, explica.
Outro desafio será transpor as barreiras do comércio internacional, principalmente em carnes. “Há um protecionismo muito forte nessa área e será preciso habilidade política para enfrentá-lo em mercados importantes, como o europeu”, diz Ferraz.
Presentes em mais de cem países, Sadia e Perdigão terão de decidir agora qual das duas marcas será mais eficaz na estratégia de expansão internacional. Segundo especialistas, apesar de pouco provável que uma delas seja abandonada, a Sadia tem a marca mais forte no exterior. “A Sadia exporta com marca, ao contrário da Perdigão”, diz um analista de mercado, que pediu para não ser identificado.