O Brasil começou a pressionar a União Europeia na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre como a França está ampliando a sua produção de soja. As questões são se o crescimento acontece de maneira ambientalmente sustentável e se os subsídios usados no programa são legais.
Essas questões, apresentadas pelo Brasil no Comitê de Agricultura da OMC, vão bem além da parte técnica e têm um componente político, diante das tensões nas relações entre Brasília e Paris envolvendo a proteção da Amazonia.
Recentemente, o presidente francês Emmanuel Macron voltou a vincular a produção brasileira de soja ao desmatamento no bioma. E confirmou estímulos à produção da commodity na França para não depender mais do Brasil nesse mercado.
Macron chegou a divulgar um vídeo nas redes sociais no qual afirma que “continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazonia”. E que “não somos coerentes quando importamos” a soja produzida em ritmo acelerado a partir da floresta destruída.
O plano francês de “produzir a soja europeia ou [grãos] equivalentes” prosperou no governo de Macron, que tem uma tensa relação com o presidente Jair Bolsonaro.
Agora, o Brasil aproveitou a reunião periódica do Comitê de Agricultura para questionar a UE sobre a nova “estratégia nacional para proteínas vegetais” da França. O plano é aumentar em 40% a área total cultivada com proteínas vegetais no país até o fim de 2022, com custo inicial de 100 milhões de euros.