O Brasil deve sair fortalecido em relação à produção e exportação de alimentos após a pandemia de coronavírus, disse o consultor Alexandre Mendonça de Barros, da MB Associados, em webinar promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com mediação do coordenador do GV Agro, Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura. Para Mendonça de Barros, enquanto vários países e blocos têm tido problemas com distribuição e exportação de alimentos, o Brasil tem exportado alimentos em “níveis recordes”, disse.
“Vamos sair diferentes dessa história, tanto com a sociedade brasileira quanto na percepção externa sobre a competência do Brasil e a capacidade de produzir e exportar”, disse ele, lembrando que mesmo com a pandemia o sistema alimentar brasileiro “não parou”.
“Tivemos exemplos na Índia, por exemplo, que, com o lockdown, deixou de exportar carne vermelha (predominantemente de búfalo), nos Estados Unidos há unidades de abate com 550 pessoas doentes e 17% do abate de suínos está fechado, além de 6% do abate de bovinos, e temos visto bloqueio de exportação de trigo da Rússia”, enumerou ele, acrescentando que, diante desse cenário de pandemia, o Brasil já começa a exportar carne para os Estados Unidos. “Na União Europeia também há problemas com os imigrantes, que não conseguem chegar para iniciar a colheita de grãos…”, adicionou.
Mendonça de Barros comentou que tem havido uma “enorme descontinuidade de distribuição de alimentos no mundo”, o que não ocorreu no Brasil. “Acabamos de receber os dados de exportação de soja e o Brasil exportou 16 milhões de toneladas em abril, é um negócio inacreditável.” Mais cedo, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, informou que o País faturou 65,25% a mais com as exportações de soja em abril, ou US$ 5,460 bilhões.
Mendonça de Barros acrescentou ainda que, independentemente dos ruídos ideológicos ou políticos, o Brasil se firma como um país confiável no abastecimento de alimentos.
O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, que também participa do webinar, concordou com Mendonça de Barros mas ressaltou que o Brasil, que sempre foi visto como “jogador da série B”, agora parte para a “série A” e por isso será mais exigido. “É uma maneira e oportunidade do Brasil se colocar definitivamente como um player importante e confiável, mas ao mesmo tempo isso dobra o nosso desafio.”