Agronegócio significa orquestração de uma cadeia produtiva. Teoria de cadeias. Pressupõe uma interdependência entre os agentes, onde ou todos evoluem, ou alguns perdem em detrimento de outros, e depois os outros perdem como efeito retardado.
Um jornal já havia publicado a notícia dessa decisão da BRF com relação aos seus fornecedores de insumos e produtos veterinários (e agora sendo imitado por outras agroindústrias).
Até aí, ok. Coisas do jogo comercial. Mas, após participar do VIII Encontro Técnico Unifrango, no Paraná, li um e-mail com um texto que foi enviado para todos os fornecedores informando essa decisão.
Isso representa duas coisas complicadas: primeiro, na forma como se comunicaram. Se fosse ao menos uma carta personalizada, mostraria um pouco mais de respeito. Mas, um assunto desses de renegociação de contratos firmados, deveria ser tratado pessoalmente, caso a caso, numa relação de olhos nos olhos.
O segundo erro está numa quebra de confiança e numa ruptura do fundamento da orquestração de uma cadeia de valor. Quem tomou essa decisão dentro de uma organização de liderança no país, com impacto em fornecedores de ciência e tecnologia, está brincando com o segredo das reações de causa e efeito.
Esse ato não demonstra competência de líder. Para acertar o drama da não atuação na organização do suprimento de milho (preços subiram e impactaram os custos), acabam punindo, via e-mail, toda a indústria de tecnologia.
Resultado: quebra de confiança. Distância para orquestrar a cadeia produtiva. Ato deseducado, deselegante e desrespeitoso. Isso não representa o melhor da BRF. Liderar significa saber negociar.
*José Luiz Tejon Megido, Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan, Autor do Best Seller “Guerreiros Não Nascem Prontos”.