Se tudo correr como espera – com a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) prevista pela companhia em ao menos mais quatro a cinco meses -, a Brasil Foods (BRF) tende a deixar as estruturas de produção e vendas de Perdigão e Sadia trabalhando de forma separada.
O mais provável é que a distribuição ocorra em conjunto, “o que vai significar redução de custos, especialmente no mercado internacional”, afirmou ontem Nildemar Secches, copresidente do conselho de administração da BRF.
Em entrevista depois de palestra que realizou em evento do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) sobre os cem dias da BRF, Secches disse que, nos próximos dois a três anos, a empresa vai se limitar a “investimentos tradicionais”, de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão por ano. Aquisições devem ficar num segundo plano. “Vamos nos concentrar nos próximos seis a 12 meses apenas na busca de sinergias [ganhos propiciados pela união entre Perdigão e Sadia]”, afirmou.
O mercado estima que as vantagens pela atuação conjunta possam somar de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões, disse Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora.
Embora aponte riscos causados pelo “gigantismo” da BRF, Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, prevê ganho de competitividade principalmente no exterior, pela escala maior e pelo custo operacional menor.
Segundo Secches, o Cade poderia liberar operações da BRF fora do país antes mesmo de uma aprovação definitiva da fusão entre Perdigão e Sadia, pois, na avaliação dele, o mercado externo não afeta a concorrência interna.
Secches relatou que todos os acionistas da Sadia migraram para a BRF. O direito de dissidência pode ser manifestado até o dia 18. Não houve nenhum caso até o momento, afirmou. A empresa, que tem negócios com 110 países, responde sozinha por 9% do comércio global de proteínas animais, disse