Com investimentos de R$ 58 milhões, a BRF inaugura amanhã seu novo centro de pesquisa e desenvolvimento de produtos na cidade de Jundiaí, a 60 quilômetros da capital paulista. A unidade, chamada de BRF Innovation Center, vai centralizar as áreas de P&D da companhia, que até o fim de 2012 funcionavam em dois locais: em Videira (SC) e na capital paulista, no bairro da Vila Anastácio. Os centros eram remanescentes da época em que as empresas Perdigão e Sadia ainda existiam separadamente.
O diretor vice-presidente de operações e tecnologia da BRF, Nilvo Mittanck, afirma que a construção de uma unidade centralizada de pesquisa e desenvolvimento começou a ser discutida em 2010, um ano depois da criação da BRF, resultado da compra da Sadia pela Perdigão. A construção foi iniciada no ano seguinte. “Era um caminho importante a ser trilhado para fazer a sinergia da área de pesquisa e desenvolvimento”.
Os recursos foram investidos na construção da unidade, que tem 10 mil metros quadrados e também na instalação de minilinhas de produção de itens como embutidos, pratos prontos e margarinas.
O novo centro é dividido em quatro áreas: criação e pesquisa, aplicação, cozinha e análise sensorial. O grande diferencial em relação aos centros antigos é a área de aplicação, onde as novas criações são testadas. Isso é feito em minilinhas de produção implantadas especificamente para os testes. “Com essa área, não dependemos mais das unidades produtivas para fazer os testes”, afirma Mittanck. Na planta-piloto é possível simular a produção em larga escala, projetar custos, testar o processo e características de qualidade dos novos produtos.
A mudança significa ganhos de produtividade, segundo o executivo, pois não é mais necessário parar as linhas de produção das unidades para testar as novas criações. “É difícil quantificar os ganhos, mas eles são grandes do ponto de vista financeiro porque parar uma linha [de produção] custa caro”.
Outra novidade do centro são cozinhas dedicadas a clientes estratégicos. São cinco, e uma delas é dedicada especificamente ao McDonald’s. Nessas cozinhas é possível receber diferentes clientes e realizar trabalhos de desenvolvimento de produto em conjunto e testar seu desempenho, explica Nilvo Mittanck.
Na área de análise sensorial é avaliado o desempenho do produto para o consumidor final, levando em consideração itens como aparência e outras características intrínsecas tais como textura e sabor. O produto também é comparado com os da concorrência. Essa análise, antes da colocação do produto no mercado, é feita em testes cegos por grupos de consumidores “de longa data”, segundo o executivo. O “banco de consumidores” da BRF que participa dos testes tem cerca de 10 mil pessoas.
Além dos ganhos de produtividade, o novo centro de P&D deve acelerar o processo de lançamento de produtos e inovações, de acordo com Mittanck. Isso porque o Innovation Center permitirá uma maior interação entre as diferentes áreas envolvidas no desenvolvimento e lançamento de novos produtos, como a pesquisa e o marketing.
A localização do centro de P&D, em Jundiaí, numa área onde funcionava um laboratório de análises da Sadia (incorporado ao novo centro) e onde está um centro de distribuição da BRF, permitirá a maior sinergia, segundo o executivo. “A interação melhorou. Há ganho de eficiência e tempo”, diz o vice-presidente de operações e tecnologia da BRF. Outra vantagem da localização do centro é a proximidade com São Paulo, o maior centro consumidor do país.
A empresa não divulga metas para lançamentos de produtos, mas informa que há 1.000 projetos em análise atualmente por sua área de pesquisa e desenvolvimento. Em 2012, foram 454 lançamentos com base em pesquisas de inovação, segundo a BRF. Foram 99 no mercado interno, 82 em food service, 54 em lácteos e 219 no mercado externo. Os projetos não dizem respeito apenas a lançamento de novos produtos, observa Mittanck, mas também a inovações como pesquisas para redução de teor de sódio e gordura nos alimentos e na área de embalagens.
No centro de inovação da BRF trabalham 165 profissionais, a grande maioria engenheiros de alimentos, além de engenheiros químicos e mecânicos, veterinários e nutricionistas.
Projetado para dar maior eficiência à área de pesquisa e desenvolvimento da BRF, o próprio prédio do centro foi concebido para ser eficiente e sustentável. De acordo com o executivo, o prédio tem painéis solares para aquecimento de água, aproveitamento de água da chuva e vidros certificados para redução de insolação, entre outros. “Vamos buscar a certificação Leed (Leardeship in energy and environment design) de prédio verde”, afirma.