A aquisição da Seara, divisão de carnes da americana Cargill, pela brasileira Marfrig Alimentos, pode levar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a impor restrições mais brandas à união entre Perdigão e Sadia, que criou a BRF- Brasil Foods. A avaliação é de analistas de investimentos e da indústria que acompanham o segmento.
Diante do alto grau de concentração no varejo brasileiro que a união entre Perdigão e Sadia representa é consenso que o órgão regulador deve impor restrições à BRF, como a venda de marcas ou de ativos em alguns segmentos.
“É provável que a BRF tenha de vender algum ativo, mas com a compra da Seara pela Marfrig, a restrição pode não ser tão intensa”, afirmou Renato Prado, analista de investimentos do Banco Fator.
“Pode ser bom para a BRF numa eventual decisão do Cade”, disse Rafael Cintra, da Link Investimentos. O raciocínio é que a compra da Seara pela Marfrig coloca no mercado um competidor mais forte para concorrer com a BRF. Para um analista da indústria, o Cade “pode ser menos rígido” porque agora a operação Sadia-Perdigão envolverá menor concentração.
De acordo com dados da ACNielsen apresentados durante a teleconferência da Marfrig com analistas ontem (15/09), BRF tem 55,9% do volume do mercado de frios e embutidos do País, considerando o período de janeiro a agosto deste ano. Marfrig e Seara juntos têm 7%. No mercado de carnes congeladas (inclui hambúrgueres, empanados e cortes temperados), a BRF tem 73,8% (entre dezembro de 2008 e julho deste ano). Marfrig e Seara ficam com 6,6%.
No que diz respeito às exportações, a Marfrig fica com 16,6% do mercado de frango após a aquisição da Seara, conforme dados apresentados aos analistas. O percentual considera os volumes que ambas exportaram em 2008. Brasil Foods fica com 45,2% das vendas de frango, que ano passado totalizaram 3,6 milhões de toneladas. No caso dos embarques de carne suína, Marfrig teria 16% após a compra da Seara ante 39% da BRF. Os dados consideram as 529 mil toneladas do ano passado.