Interditada desde a deflagração da Operação Carne Fraca, a planta da BRF em Mineiros, região sudoeste de Goiás, começou a transferir, nesta quarta-feira (05/04), perus para serem abatidos na unidade do grupo que fica em Uberlândia (MG). Por dia, a fábrica goiana processava 25 mil aves. O procedimento foi autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O transbordo começou à meia-noite e será realizado em carretas da companhia. Em nota, a BRF informou que “tomará as medidas necessárias para respeitar as melhores práticas de bem-estar animal e causar o mínimo impacto possível para os perus”.
Nesse sentido, as transferências só serão realizadas em temperaturas mais amenas e contando com equipes de apoio para assegurar o bem-estar dos animais e evitar situações de calor e estresse.
‘Alívio’
Segundo o criador Oswaldo Tuacek, desde então, cerca de 225 mil aves deixaram de ser abatidas. A transferência apenas para Rio Verde não supria a necessidade. “Para nós é um alívio. As aves estavam passando do ponto em relação ao peso e ao tamanho, além de termos uma dificuldade maior no manejo. É uma cadeia muito forte e que não pode encavalar”, disse ao G1.
Apesar de ter uma perspectiva de melhora, o criador diz que ainda deve haver uma demora para chegar ao quadro considerado ideal. Ele explica que a unidade de Uberlândia fazia o abate de perus até o ano passado, quando todo trabalho começou a ser realizado somente em Mineiros.
Por isso, até se readequar, o processamento ainda será aquém do que o de costume. “Aqui abatemos 25 mil por dia. Lá, a capacidade é um terço menor, ou seja, cerca de 8 mil. Quando começarem a fazer o abate em dois turno, pode dobrar. Nossa esperança é que a planta de Mineiros reabra o mais rápido possível e que as duas plantas possam abater até normalizar”, explica.
Apesar da alegação do criandor, a BRF alegou, por telefone, que a unidade de Uberlândia tem capacidade de abate semelhante à de Mineiros.
Tuacek afirma não conseguir quantificar, em valores, qual o prejuízo acarretado por conta da interdição. Porém, detalha que tipo de problemas a “superlotação” na granja pode causar.
“Cerca de 50% do meu custo é com energia elétrica e mão de obra, algo que aumentou muito nas últimas três semanas porque estou trabalhando com 45 mil aves. Aqui não é como ter um boi no pasto e pronto”, explica.