Novas barreiras em gestação na União Europeia (UE) para a entrada de frango brasileiro no bloco comunitário entraram no radar do Itamaraty para uma contestação na Organização Mundial do Comércio (OMC), no que poderá se transformar em mais um contencioso na área agropecuária. Nessa frente, o Brasil venceu batalhas anteriores na OMC contra a UE (açúcar) e contra os EUA (algodão).
A diplomacia recolhe as queixas do segmento, e o caminho para o problema da carne de frango, pelo menos no momento, tende a ser mesmo acionar o mecanismo de disputa da OMC. O problema é que os europeus não conseguem mais segurar a entrada dos vários tipos de cortes de frango brasileiro (fresco, congelado, processado) por meio do comércio administrado (cotas, altas tarifas etc.) e passaram a multiplicar os regulamentos para frear a entrada do produto.
Para o governo, o que a UE está fazendo impede a expansão das exportações. Em caso de unificação das diferentes alíquotas de importação para o frango, os brasileiros querem diminuir a tarifa média para US$ 320 por tonelada ou elevar o volume da cota de 640 mil para 806 mil toneladas, segundo fontes do segmento.
Em setembro, o Valor antecipou que a briga com os europeus estava por vir. Os exportadores já reclamavam, de um lado, do trabalho da UE para alterar seus padrões de comercialização de carne de aves para limitar, com elevação de tarifas, o uso de cortes preparados/processados na composição de outros produtos de frango. De outro, porque os europeus também tentam evitar que carnes congeladas sejam vendidas como não congeladas.