O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (07/02) a compra, com restrições, da norte-americana Monsanto pela alemã Bayer.
A fusão global das duas empresas foi anunciada em setembro de 2016, por US$ 66 bilhões, e criou a maior companhia integrada de pesticidas e sementes do mundo. Entretanto, ainda tinha de passar, no Brasil, pelo crivo do órgão de defesa
da concorrência.
A Bayer é farmacêutica e companhia de produtos químicos. A Monsanto é líder mundial em herbicidas e engenharia genética de sementes e dominava, antes da venda de ativos para a Basf, o setor de sementes transgênicas de milho, trigo e soja.
Juntas, Bayer e Monsanto formam um gigante mundial com volume de negócios anual de 23 bilhões de euros (US$ 25,8 bilhões) e quase 140 mil funcionários.
Na Alemanha, país onde a sociedade se opõe em grande número aos transgênicos, a compra da Monsanto por uma das empresas históricas da indústria nacional, foi condenada em 2016 por organizações e políticos ecologistas, que também criticam frequentemente os pesticidas de Bayer e chamam a fusão de “casamento dos infernos”, destacou a agência France Presse naquele momento.
Votação no Cade
O Cade condiciou nesta quarta a aprovação da operação à venda, pela Bayer, dos negócios de sementes e herbicidas para a Basf, por US$ 7 bilhões.
O relator do processo no Cade, conselheiro Paulo Burnier da Silveira, avaliou que os “remédios” propostos, de venda para a Basf de ativos de sementes e de herbicidas, são “suficientes e oportunos” para endereçar os problemas de concentração de mercado.
Ele avaliou ainda que essa fusão da Bayer e da Monsanto já foi submedida a entidades reguladoras de 29 países, sendo que metade dos processos já foi aprovada.
Burnier destacou a cooperação internacional do Cade nesse processo, por meio da troca de informações com órgãos reguladores de outras nações.
O voto do relator não foi, entretanto, acompanhado por todos conselheiros. João Paulo de Resende apontou, por exemplo, que a soja, uma das principais fontes de divisa da agricultura brasileira, permanecerá nas mãos de uma única empresa. Ele defendeu a venda pela Bayer de “todos ativos” de desenvolvimento de soja.