O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está fazendo inspeções em diversas unidades da JBS. O objetivo é verificar, em detalhes, o sistema de produção da companhia, antes do julgamento de várias aquisições que a empresa fez nos últimos anos.
O principal caso da JBS no Cade é a fusão da companhia com o frigorífico Bertin. O órgão antitruste também vai julgar a compra de diversos frigoríficos em cidades como Confresa (MT), Ariquemes e Guaporé, ambas em Rondônia, e Rio Branco (AC). O julgamento sobre essas aquisições deve acontecer em abril.
As inspeções estão sendo realizadas no interior do Mato Grosso. Ontem, o conselheiro Marcos Paulo Veríssimo, relator dos processos em que vão ser julgadas as aquisições da JBS, visitou as unidades produtivas da empresa em Diamantino, Juara e Juína. Já foram marcadas visitas em Barra do Garças, Confresa, Vila Rica, Matupá, Colíder e Alta Floresta.
“Nós optamos por visitar várias fábricas em Mato Grosso”, afirmou Veríssimo, referindo-se ao Estado onde estariam concentradas mais unidades da companhia. “A ideia é a de conhecer o funcionamento das fábricas e o sistema de produção”, completou o conselheiro. Na semana que vem, o plenário do Cade deve analisar um relatório sobre a inspeção.
O Cade quer ter um mapa nacional da atuação dos frigoríficos para verificar o grau de competição da JBS com rivais, como a BRF, a Marfrig e a Minerva no mercado brasileiro de carne e de abate de bois. O conselho deve fazer também uma análise da concorrência local, em pequenas regiões do país nas quais eventuais concentrações elevadas de mercado podem levar os conselheiros a determinar vendas de fábricas.
Em fevereiro, a Superintendência-Geral do Cade identificou que a JBS fez uma série de aquisições e arrendamentos de frigoríficos sem, no entanto, notificá-los para julgamento. De acordo com o levantamento, houve 70 operações da companhia no Brasil que não teriam sido informadas para o Cade. A superintendência encaminhou essa constatação para o relator que vai levá-la para a apreciação dos conselheiros. A companhia pode ser multada pela falta de notificação.
Com relação ao parecer da superintendência, a companhia informou, em fevereiro, que “as operações de arrendamento ou aluguel de ativos não são de submissão obrigatória ao Cade”. Procurada pelo Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor, a JBS limitou-se a informar que “permanece à disposição para colaborar com o Cade no que for necessário”.