Qual câmbio teremos em dezembro deste ano? Saiba minha opinião ao final, antes terá que ler o artigo… A CONAB (safra 2017/18) fechou sua estimativa e trouxe produção final de 228,3 milho~es de toneladas de grãos (3,9% menor que a safra anterior) em 61,7 milhões de hectares, área 1,4% maior que a safra anterior. Fechamos com 119,2 milhões de toneladas de soja (usamos 35,14 milhões de hectares em soja, contra 33,91 na safra passada) e 81,3 milhões de toneladas de milho. A segunda safra de milho foi a principal responsável por não igualarmos o ano passado, perdendo 19% em volume advinda de uma produtividade 5,2% menor graças à seca que castigou as lavouras em maio e junho. São esperadas exportações de 25,5 milhões de toneladas de milho. Demos show no algodão, pois produzimos 2 milhões de toneladas, 31,1% a mais com bons preços. Um número que impressiona: estamos plantando 70% a mais que há dez anos.
Agosto nos trouxe novamente bom número nas agro-exportações, crescendo 3,6% em relação a agosto de 2017 e atingindo US$ 9,3 bilhões (41,5% do total exportado pelo Brasil). Importações caíram 1,6%, chegando a US$ 1,1 bilhão, portanto nosso saldo foi de US$ 8,2 bilhões (5,1% maior que agosto de 2017). Mas este resultado não é geral, foi puxado pelo complexo soja que cresceu 43,4% trazendo US$ 4 bilhões, com expressivos aumentos nos grãos e farelos (45% maiores) e no óleo (29%). Carne bovina também cresceu 15% atingindo US$ 700 milhões no mês. Praticamente todos os demais produtos trouxeram quedas, o que nos mostra pouca interferência do câmbio no curto prazo. Frango caiu 8,2%, suínos caíram 30%, açúcar e etanol 44% e café 32%.
A China aumentou sua participação de 26 para 36% nas nossas vendas, com um crescimento de quase 50% no total importado, quando comparado a agosto de 2017, efeito dos problemas comerciais com os EUA. De janeiro a agosto o agro está 4,7% acima, com US$ 68,5 bilhões de exportações e superávit alcançando quase US$ 60 bilhões. Com isto a balança comercial do Brasil apresenta superávit de US$ 37,8 bilhões. Imaginemos que sem o agro teríamos déficit de US$ 22 bilhões, comprometendo a inflação, câmbio e o pouco crescimento que o país mostra. A soja será o brilho deste ano, pois ABIOVE estima que o Brasil deve exportar 76,1 milhões de toneladas em 2018. Em apenas um ano, o Brasil coloca no mercado mundial 2,6 milhões de toneladas a mais.
De acordo com a pesquisa “Produção Agrícola Municipal 2017”, do IBGE, percebe-se a importância do agro para o crescimento do nosso interior. A renda gerada naquele ano em Sorriso (MT) graças à agricultura foi de R$ 3,3 bilhões, 2,4% maior que 2016. Em Sapezal (MT) foi de R$ 2,6 bilhões. Que alegria imaginar este recurso circulando na região e gerando oportunidades.
Em relação a preços internacionais, o índice mundial dos preços das commodities alimentares (índice da FAO) alcançou 167,6 pontos, 0,4% a mais que no mês anterior. Cereais subiram bastante (4%), puxado principalmente pelo trigo (8%) e um pouco no milho, sendo os principais responsáveis pelo pequeno aumento do índice. As carnes também subiram (0,8%) açúcar caiu novamente (5,4%) e os lácteos também (1,5%). Óleos vegetais caíram 2,6%.
No mercado interno os preços andaram meio de lado neste mês, mas estão em bons patamares em reais. No momento do fechamento desta coluna os produtores recebem R$ 80-82/sc de soja entregue em cooperativas do Sul e Sudeste e R$ 32-36 no milho. A R$ 80 para maio de 2019, eu venderia parte da soja a ser produzida.
Já sonhando com uma nova e grande safra 2018/19, temos boas e más notícias. Entre as boas, vale destacar que a contratação de operações de crédito foi 45% maior que no ano passado, nos meses de junho e julho, mostra que podemos ter mais uma excelente safra. A Céleres acredita que a área de milho primeira safra deve aumentar para 5,8 milhões de hectares, avançando em áreas de pastos e até de feijão. Seriam 360 mil hectares a mais. Vale lembrar que em primeira safra o milho já teve 14 milhões de hectares no Brasil (1986).
Boas margens propiciadas por preços ao redor de R$ 32/37/sc, pela demanda por rações, exportações e pelo valor do Real devem favorecer os plantios. A soja também está promissora para a próxima safra. Entre os pontos negativos estão o aumento do preço do petróleo e a desvalorização do real, que trouxeram um aumento da inacreditável tabela de fretes, além de estarmos lidando com preços de insumos mais elevados e alguns em falta e ainda as dificuldades logísticas para a chegada de fertilizantes. Mas estou otimista.
Entre estudos internacionais publicados neste mês, destaco alguns: um primeiro, da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre sustentabilidade no agro, contando com os critérios ambientais e sociais para certificações que incluem praticamente 45% das exportações do Brasil. Ou seja, temos que prestar cada vez mais atenção a este aspecto não correndo riscos e ajustando nossa produção a esta demanda crescente por certificações, mesmo sabendo do impacto em custos que isto trás.
O segundo é da FAO, destacando que o Brasil teve 5,7% do mercado global de commodities em 2016. O líder é a Europa, com 41%, seguida dos EUA com 11%. Em 15 anos, a fatia do emergentes nas exportações mundiais pulou de 10 para 20%. Outro fato curioso deste estudo é que o Brasil era o 13o maior importador em 2000, e agora desapareceu da lista dos 20 principais importadores. O comércio agrícola era de US$ 570 bilhões em 2000 e atinge US$ 1,6 trilhão no ano de 2016. A FAO ainda acredita que o mundo precisa dobrar a produção de alimentos nos próximos 30 anos. Portanto segue, nesta projeção, uma grande oportunidade ao Brasil.
Um terceiro foi lançado pela OMC, sobre os chamados de “Produtos Agrícolas Processados” (PAP), tais como café torrado e moído já com industrialização, chocolate e outros. Estes tem 44% do total das exportações do agro. Segundo a OMC o participação do Brasil vem caindo, pois este mercado cresceu em média 2,4% nos últimos 8 anos e o Brasil teve queda de 1,2%. Países desenvolvidos têm quase 80% destas exportações. Uma das hipóteses é a de tarifas de importação maiores para estes produtos, justamente para favorecer a indústria local. A maior agregação de valor deve ser sempre uma meta a ser buscada pelo Brasil, sem deixar de ocupar cada vez mais os mercados das tradicionais commodities, que também não deixam de ser produtos com valor agregado, porém em menor estágio.
Finalmente, um quarto veio de 5 organizações internacionais (entre elas a OMC , OCDE e UNCTAD) mostrando como a China cresceu no conceito de cadeias globais de valor na agricultura, onde é analisada a produção em etapas que agregam valor. O estudo mostra que existem hubs no mundo para o processamento de produtos, destacando o papel dos EUA e Alemanha, além da China. Segundo este estudo, todo tipo de barreira tarifária e não tarifária pode reduzir a participação em cadeias globais de valor. Melhoria das condições de competitividade ajudam, tais como infraestrutura, simplicidade tributária, inovação pesquisa e desenvolvimento, educação, entre outros. Este documento deve ser estudado pelo futuro Ministro da Agricultura, como uma agenda estratégica de trabalho.
Torço para que tenhamos boa safra e bons preços. Neste mês de setembro estamos bastante apreensivos com o destino que será dado ao Brasil nas eleições de outubro. O agro terá um futuro brilhante, independente do candidato vencedor, pois é o gerador de caixa e todos precisarão de caixa. Ele será melhor ou pior tratado e crescerá mais rapidamente a depender do grupo que vencer, e torço para que um grupo reformista, liberal e ético possa assumir o Brasil, mesmo sabendo que este trará rápida valorização do Real. Nossos ganhos de competitividade compensarão.
Termino compartilhando meu sentimento de tristeza por ver parte importante do nosso processo eleitoral sendo coordenada de dentro de uma cela. E mais triste ainda por ver 40% das pessoas aceitarem que um presidiário, um condenado, possa vir a ser eleito o presidente “de facto”. Triste parte do meu Brasil. Mas aposto, voto, torço e trabalho muito por um câmbio 3,70 em dezembro deste ano. Faça o mesmo.