Em meio à retomada das exportações brasileiras de carne bovina ao Chile, duas missões veterinárias oficiais devem ampliar a quantidade de unidades industriais habilitadas a vender o produto nacional ao país andino em 2010. Os técnicos chilenos devem autorizar os embarques de outras 22 plantas de vários Estados até fevereiro do próximo ano. Hoje, há 18 unidades habilitadas pelo Chile.
As indústrias brasileiras iniciaram uma intensa ofensiva comercial a partir de julho deste ano, após o serviço veterinário chileno dar sinal verde à carne bovina nacional. Neste ano, as exportações deverão somar US$ 24 milhões, mas o desafio é recuperar a confiança e manter o gosto dos importadores pelo produto do Brasil.
A associação da indústria (Abiec) realiza ações de marketing para reposicionar a carne nacional no mercado chileno. “Já fizemos duas apresentações, seguidas de almoços e jantares com importadores e chefs de cozinha para convencer os chilenos de que nossa carne é melhor que a concorrência”, afirma o diretor-executivo da Abiec, Otávio Cançado. A disputa é para retomar o espaço ocupado por Argentina, Uruguai e Paraguai.
Segundo maior importador de carne brasileira até 2004, o Chile reduziu a zero suas compras após a descoberta de focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e Paraná, em outubro de 2005. De lá para cá, as empresas brasileiras perderam espaço no mercado chileno. As vendas, que somaram US$ 200 milhões em 2004, caíram a US$ 140 milhões em 2005. No ano seguinte, o Chile não importou carne do Brasil.
As vendas começaram a se recuperar em julho deste ano, quando os chilenos compraram US$ 2,4 milhões em carne. Em agosto, as exportações brasileiras alcançaram US$ 10 milhões. Essa retomada parece ser consistente, já que, segundo dados da Abiec, o Chile importou apenas US$ 1,1 milhão entre janeiro e junho deste ano.
“Não temos dúvida que, mesmo com o real valorizado, teremos um bom ano em 2009 e uma recuperação significativa em 2010”, afirma Cançado. “Vamos martelar até voltar aos níveis pré-aftosa, mesmo com preços ainda pouco competitivos”. Ele diz que as indústrias brasileiras poderiam até vender com “margens próximas de zero” para recuperar o mercado chileno. “Em agosto, eles foram o sexto maior importador. Agora, é marketing”, diz. Em janeiro, a Abiec volta a Santiago para nova rodada de aproximação com os clientes chilenos.