A avicultura do Ceará produz hoje seis milhões de quilos de carne de frango por semana e seis milhões de ovos por dia (excluída a produção de aves caipiras), mas precisa de muito mais do que isso para conseguir abastecer o mercado local. O colunista Egídio Serpa, do Diário do Nordeste, conversou com João Jorge Reis, presidente da Associação Cearense da Avicultura (Aceav) e dono da J. Reis Avícola, sobre o que é preciso para que o estado amplie suas produções. O problema, segundo ele, é a falta de insumos.
Apesar de aparentemente grande, a produção avícola no estado não atende sequer à população cearense. Quando se fala em carne de frango, os seis milhões de quilos semanais representa apenas 50% do necessário. Os ovos, contudo, abastecem 90% do mercado local. Para atender à demanda pela carne de frango, o estado precisa recorrer ao Sul e ao Centro-Oeste.
Ampliar a produção local encontra barreiras na falta de milho e soja. “Porque os insumos que utilizamos na alimentação dos nossos plantéis – soja, farelo de soja e milho – são commodities cujo preço varia com a cotação do dólar. Este é o principal gargalo que aumenta os nossos custos. Se o superarmos, o limite da avicultura cearense será o Céu”, afirma Jorge Reis.
Desse modo, a necessidade é reduzir os custos com os insumos, que são grandes também devido ao frete. “Quando a Ferrovia Transnordestina estiver concluída e interligada à Norte-Sul, aproximando-nos do Centro-Oeste, e quando estiver com maior oferta de navios a navegação de cabotagem – ligando os portos internos brasileiros e trazendo o insumo do Sul, em poucos dias e com frete bem mais reduzido – aí estarão criadas as condições para o avanço em direção ao limite celeste”, diz com entusiasmo o presidente da Aceav ao colunista.
As 30 empresas associadas à entidade respondem por 90% da produção de aves e ovos do Ceará – as maiores são Avine, Tijuca, Cialne, Regina e São José (não necessariamente nesta ordem). “Elas usam tecnologia de ponta”, assegura João Jorge Reis, dando um exemplo elementar: “Depois que a galinha põe o ovo, a única mão que o tocará será a do consumidor final, em casa: todo o processo – da postura à embalagem – é automatizado”.