A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu na segunda (18) uma conversa ao vivo pelas redes sociais para discutir as oportunidades para o agro brasileiro no mercado chinês.
O debate virtual foi moderado pela coordenadora de Exportação da CNA, Camila Sande, e contou com a participação dos adidos agrícolas em Pequim, Jean Manfredini e Fábio Araujo.
De acordo com Camila, a China é um mercado essencial para o Brasil. Mesmo com a pandemia do coronavírus (Covid-19), de janeiro a abril deste ano, 38% do agro brasileiro foi exportado para o país asiático.
“Apesar do grande volume, a pauta exportadora ainda é muito concentrada em soja e carnes. O nosso objetivo é explorar as oportunidades para lácteos, pescados, cafés especiais, mel e derivados e frutas, produtos prioritários do Projeto Agro.Br”.
O projeto é uma iniciativa da CNA, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que engloba ações de internacionalização e promoção comercial de produtos agrícolas brasileiros.
A coordenadora de Exportação da CNA explicou que o projeto Agro.Br prepara os produtores rurais para o mercado internacional. “Temos um escritório em Xangai que realiza estudos de tendências de consumos e oportunidades de negócio. O foco é entrar em contato com os importadores e saber quais são as principais demandas e requisitos de importação”.
O adido agrícola Jean Manfredini afirmou que a pauta concentrada em poucos produtos é explicada pela falta de conhecimento do consumidor chinês e dos fornecedores brasileiros.
“É fundamental que os exportadores entendam como o mercado funciona, qual o padrão de qualidade e o tipo de embalagem exigidos. Outro ponto importante é a capacidade de fornecimento. O importador precisa ter segurança de que a demanda dele vai ser atendida, pois a China é um gigante em termos de consumo”, disse.
Ao ser questionado sobre as oportunidades para a carne bovina, Manfredini informou que a demanda pela proteína já vem crescendo há um tempo. Segundo ele, um dos fatores desse aumento foi a Peste Suína Africana que causou a maior perda de rebanho suíno da história do país.
“Há uma tendência de que o consumo chinês pelas carnes bovina e suína se mantenha. Não só pelo retorno das atividades pós-pandemia, mas porque a produção de suínos deve se restabelecer apenas no ano que vem. E ela não terá o mesmo formato, será mais organizada, verticalizada e com maior tecnificação e controle de biossegurança”.
Para o adido Fábio Araujo, o governo brasileiro precisa agir de maneira proativa e inteligente para priorizar os produtos que têm capacidade de exportação em grande volume e qualidade. “Como as análises para abertura de mercado são demoradas, se a gente priorizar produtos que exigem maiores questões burocráticas, nós podemos prejudicar os outros”.
Outro ponto abordado foi a valorização dos produtos brasileiros e das oportunidades do comércio eletrônico. “Os produtores precisam usar o Brasil como uma marca para agregar valor aos seus produtos. O consumidor chinês gosta de comprar porque ele entende que é um produto de qualidade e que tem uma história”, destacou Fábio Araujo.