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Com melhora no fim do ano, avicultura espera 2020 mais positivo

Levantamento de custos sinaliza diminuição do intervalo entre lotes e reajustes pontuais nos repasses da indústria. Maioria dos produtores, no entanto, segue no prejuízo  <br /> 

Com melhora no fim do ano, avicultura espera 2020 mais positivo

Os custos de produção da avicultura tiveram, de modo geral, uma leve melhora nos últimos meses de 2019, mas o cenário ainda é de prejuízo na maior parte dos aviários do Paraná. Essa é a conjuntura apontada pelo recente levantamento de custos de produção da atividade promovido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. O trabalho compreende informações repassadas pelos próprios produtores das principais regiões produtoras – Campos Gerais, Norte, Oeste e Sudoeste -, referentes ao mês de novembro.

O levantamento sinaliza que, em relação à fotografia da avicultura tirada em junho, houve reajustes pontuais nos repasses das indústrias aos produtores (veja o gráfico com exemplos na página 16). Os aumentos, no entanto, não foram suficientes para proporcionar um reequilíbrio à atividade. No caso do frango pesado, a situação é um pouco melhor, com alguns produtores com pequenas margens e a maioria conseguindo apenas cobrir os custos operacionais (leia na coluna na página 18). No caso do griller (leve), em geral, a receita consegue defender apenas os custos variáveis.

De acordo com o economista Luiz Eliezer Ferreira, do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, há uma discrepância bastante grande entre as diferentes integradoras e modelos de produção. “Quando olhamos no detalhe, vemos que uma integradora consegue fazer mais lotes por ano e pagar quase R$ 0,20 a mais por frango, por exemplo. Além de diferenças significativas em outros índices, como o de mortalidade. Então, é impossível fazer uma análise no todo e apontar uma só tendência. É preciso considerar essas particularidades e comparar esses resultados”, recomenda.

Ferreira alerta, no entanto, que é possível ver, em um plano um pouco mais amplo, prejuízos maiores para quem atua com frango leve. “Em termos de custo, o resultado do griller chama bastante atenção. Em geral, o produtor consegue pagar apenas os custos variáveis, ou seja, apenas aquilo desembolsando no curto prazo. Se a situação seguir assim, o produtor não vai poder se manter na atividade no longo prazo. Para quem atua nesse segmento, será necessário traçar estratégias diferentes para as negociações com as empresas para garantir a viabilidade da produção”, avalia.

Aposta para 2020

Apesar dos resultados não serem ainda positivos, a leve melhora constatada no fim do ano significou um certo alento ao campo. O movimento faz os produtores seguirem com esperanças de que 2020 será um ano melhor, aponta o presidente da Comissão Técnica (CT) de Avicultura da FAEP, Carlos Bonfim. “Esperamos que com o possível aumento do consumo interno de frango, com essa alta da carne bovina, e toda a conjuntura favorável da proteína animal por conta da demanda chinesa, tenhamos um ano melhor do que foi 2019”, torce.

O apetite chinês foi voraz sobre as exportações em 2019, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). De janeiro a outubro, a China comprou 444,7 mil toneladas de carne de frango, aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2018. O volume representa mais de 13% de toda a carne de aves exportada pelo Brasil no ano. Em termos financeiros, o comércio do produto em 2019 fez entrar US$ 931,7 milhões no país, crescimento de 38% em relação aos dez primeiros meses de 2018.

Na leitura de Bonfim, caso o aumento no preço no mercado interno se concretize e as exportações à China sigam embaladas, a expectativa é que no primeiro trimestre de 2020 deva ocorrer uma resposta mais firme em relação a reajustes nos repasses da indústria aos avicultores. “Esse levantamento de custos em mãos é algo primordial para sabermos como está região por região. Para negociarmos e exigirmos melhores condições de produção, temos que ter parâmetros, saber como as unidades estão trabalhando em cada local. Esses números servem de norte para as reuniões de Cadecs (veja quadro na página 18) ou mesmo para negociações diretas no caso das cooperativas”, avalia o presidente da CT.