Redação AI 08/07/2003 – Em concordata desde o início do ano, a Comaves Indústria e Comércio de Alimentos, de Londrina, aposta na venda de uma indústria no Mato Grosso do Sul (MS) para saldar a dívida de R$ 16 milhões com seus fornecedores de matéria-prima, o que permitiria liquidar o processo.
O empresário Paulo Ferreira Muniz, diretor da empresa, revelou que há compradores interessados no negócio, incluindo um grupo de produtores de milho e soja do MS que forneciam à Comaves e têm dívidas a receber. ””Precisamos ter responsabilidade para vender a empresa, procurando compradores que assumam nosso compromisso com os credores””, disse.
Mesmo se o negócio não se concretizar, ele garante que vai conseguir começar a pagar a dívida a partir de janeiro, quando termina o prazo imposto pela Justiça para a quitação de parte do débito. Pode ser, porém, que o pagamento não seja feito da forma inicialmente prevista, com quitação de 40% ao final de 12 meses (contados a partir de janeiro de 2003) e 60% ao final de 24 meses, com juros de 1% ao mês e corrigidas monetariamente, como prevê a Lei de Falência.
Segundo Muniz, os credores estariam dispostos a negociar. ””Eles estão ajudando porque querem receber””, comentou ele, que justificou o pedido de concordata pelo mau ano enfrentado pela avicultura em 2002. O milho e a soja, afirmou, apresentaram alta de até 200% por causa da valorização do dólar. Em contrapartida, o preço do frango caiu e a população enfrentou redução no poder aquisitivo. ””A concordata nos deu um fôlego.””
Hoje, ele acredita que a conjuntura está favorável à atividade, graças à desvalorização das commodities. Além disso, a redução nos alojamentos de pintos desacelerou a produção e melhorou o preço do frango no mercado, vendido a R$ 1,90 no atacado, em média.
Atualmente, segundo o advogado João Tavares de Lima, que cuida do caso, o processo está em fase de habilitações de crédito e instruções de processo. Ele explicou que quando a empresa pediu concordata, apresentou uma relação de credores e os valores devidos para cada um. Aqueles que discordam das quantias declaradas estão habilitando crédito, ou seja, informando à Justiça quanto acreditam que devem receber.
Com quase 1,5 mil funcionários, a Comaves passou por uma reestruturação na área administrativa para conter custos mas, segundo Muniz, não foi preciso extinguir postos de trabalho. Atualmente, a empresa produz quatro mil toneladas de frango por mês.