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Mercado Interno

Comércio China-MT esbarra ainda na falta de logística

Mato Grosso requer investimento em logística para atender demanda chinesa.

A conclusão dos produtores é de que Mato Grosso possui terras e é eficiente para produzir tudo que os chineses querem: alimentos. “Só precisamos melhorar a nossa logística de transporte e equacionar alguns problemas internos dos agricultores, como a questão do endividamento, falta de crédito e custos de produção e juros elevados”, aponta o produtor e consultor econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Amado de Oliveira Filho.

Ele diz que a China é um mercado muito importante para Mato Grosso tanto para a agricultura quanto para a pecuária. “Temos muito que aprender com a China, seja no processo de venda ou compra. Trata-se de um mercado interessante para buscar novas tecnologias, que vão agregar valores à economia do Estado. O problema é que estamos amarrados a uma obsoleta infra-estrutura logística de mais de 30 anos”.

Grande parte da produção mato-grossense é transportada por caminhões para o Sul e Sudeste – portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) – por mais de 1,6 mil quilômetros de estradas. Nos principais portos de exportação, alguns navios esperam no mar até um mês para enfim, encontrar um espaço para atracarem e serem carregados.

“Se não forem feitos grandes investimentos na infra-estrutura de transporte, a China não poderá contar com esta região como uma fornecedora estável para seu mercado”, alerta o produtor de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), Rogério Salles.

Estudos mostram que o transporte da soja de Mato Grosso aos portos no litoral brasileiro custa mais de quatro vezes o que os produtores rurais norte-americanos gastam para transportar os grãos do Meio-Oeste para Nova Orleans e à costa do Noroeste-Pacífico. Como resultado, os agricultores mato-grossenses recebem muito menos pelo que produzem em comparação aos seus concorrentes. (Veja quadro ao lado)

Na avaliação dos produtores, se não houver uma solução de infra-estrutura de médio prazo, Mato Grosso não terá condições de atender essa demanda. “Precisamos resolver esses gargalos de logística para acompanharmos o crescimento chinês. O futuro é promissor, mas temos de trabalhar com os pés no chão”, lembra Amado Oliveira.

De acordo com Alexandre Furlan, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia de Mato Grosso, além da soja, o complexo carne (suína, bovina e de aves) também se desponta como uma das opções de alimentos a ser negociado para os países asiáticos, graças ao mercado consumidor com potencial para consumo em larga escala. “Precisamos vender credibilidade para os asiáticos, mostrar a qualidade dos nossos produtos e nossa preocupação com a preservação ambiental”, salienta.