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Controle da Perdigão gera disputa entre fundos e GP

A eventual troca de controle da Perdigão pode ser alvo de disputa.

Da Redação 02/06/2003 – A eventual troca de controle da Perdigão pode ser alvo de disputa. A decisão de alguns fundos de pensão de venderem a participação que têm na empresa pode não terminar com a venda do controle para a GP Investimentos, como espera o mercado.

A negociação entre as várias fundações que controlam a companhia inclui a possibilidade de alguns fundos, como Petros, Valia e Funcef, aumentarem sua participação. Seria uma opção para as entidades que precisam de maior liquidez e querem sair da empresa, como Sistel, Telos e Previ.

Fontes ligadas aos fundos dizem que, se não houver um comprador disposto a pagar, no mínimo, R$ 1,3 bilhão pela empresa, a discussão será doméstica. ” Por menos que isso, sou comprador ” , diz um dirigente de fundo. Parece um recado para a GP, mas entre os fundos de pensão, as negociações com o grupo continuam não confirmadas.

No mercado, comenta-se que a GP está oferecendo cerca de R$ 1 bilhão, no máximo, pela empresa. Tal valor inclui as ações de controle e o tag along (direito de vender junto com o controlador). A Perdigão concede tag along para detentores de ações ordinárias, previsto na nova Lei das SAs, e para os preferencialistas, decisão aprovada em assembléia no fim de 2002. São cerca de R$ 25 por ação de controle e R$ 20 para os minoritários.

Na época da aprovação do tag along, a GP tentou se antecipar e fez uma oferta pela Perdigão. Com grande volume de preferenciais, os controladores optaram por aprovar o instrumento e aguardar uma proposta melhor.

Para analistas, a GP está tentando aproveitar-se de um momento menos favorável da companhia. Nos últimos anos, a Perdigão fez grandes investimentos, principalmente no complexo industrial de Rio Verde. Agora, sofre com o endividamento e com contingências externas no mercado de frango e alta de custos de soja e milho.

A tendência é de melhora, dizem os analistas. Mas se a empresa não for vendida, os controladores terão de optar entre esperar a situação melhorar naturalmente ou fazer um aumento de capital e reduzir a dívida. ” Não se pode dizer que os fundos estão vendendo barato. A empresa precisa de aporte e nem todas as fundações podem fazer novos investimentos ” , diz o diretor de um fundo, referindo-se à necessidade de caixa que algumas entidades mais maduras (com grande número de aposentados) têm.

Os R$ 1,3 bilhão embutem a perspectiva de ganho com a empresa nos próximos anos, dizem analistas. São cerca de R$ 29 por ação – o preço considerado justo hoje varia entre R$ 25 e R$ 30. Eles consideram também que a empresa será alvo prioritário de grupos estrangeiros, como ConAgra e Sara Lee, assim que a avaliação do Brasil melhorar.