Segundo maior produtor, com cerca de 13 milhões de toneladas, e maior exportador mundial de frango, com quase 4 milhões de toneladas, o Brasil deve, ainda, alcançar um crescimento de 5% nas exportações em 2020, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Portanto, a avicultura brasileira tem motivo para celebrar no dia 28 de agosto.
Diante desse cenário de enfrentamento a pandemia do novo coronavírus, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, Odemilson Donizete Mossero, acredita que a avicultura foi capaz de se recuperar e tende a crescer por ser, assim como a suinocultura, altamente tecnificada e com controles sanitários rígidos.
“Essa expectativa vem em função de vários fatores, como a necessidade crescente do consumo de alimentos de qualidade, tanto no mercado interno como no exterior, e em razão do conjunto de estratégias seguidas firmemente pelas autoridades oficiais e pelas entidades representativas do segmento”, analisa.
A zootecnista Paola Rueda, da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, explica que o setor se desestabilizou, no início, devido ao adoecimento de funcionários de granjas e abatedouros. “A avicultura precisou de estratégias para não paralisar os abates. O setor passou por muitas mudanças em pouco tempo para minimizar os efeitos da pandemia.”
Adaptações na cadeia
Paola afirma que muitos frigoríficos tinham estruturas antigas, ampliadas ao longo do tempo, portanto, foi necessário reduzir a velocidade de abate até uma reestruturação que permitisse o distanciamento entre os colaboradores. “Os animais precisaram ser remanejados para outras unidades. Caso as aves tivessem que ser abatidas nas granjas, ocorreriam problemas ambientais e de bem-estar graves”, analisa.
Por conta da pandemia, ressalta Mossero, o próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), juntamente com o Ministério da Saúde e Ministério da Economia, entre tantas medidas legais e orientativas, publicou a Portaria Conjunta nº 19/20. “Seguindo fielmente as regras, todo o segmento conseguiu se fortalecer na medida em que contribuiu para com a redução do risco de propagação do vírus em toda a cadeia produtiva.”
Os protocolos da Portaria incluem: higienização constante dos ambientes de trabalho; afastamento precoce de trabalhadores com sintomas de Covid-19; higiene das mãos e etiqueta respiratória; uso de máscara; adoção de divisórias nos postos de trabalho; distanciamento social; turnos e escalas de trabalho diferenciadas; limpeza e desinfecção dos ambientes entre os turnos; e uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s, entre outros.
Expectativas pós pandemia
Para a zootecnista Paola Rueda, o bem-estar dos animais é chave para os próximos anos, ainda mais com as novas gerações. “Podemos perder mercados mais exigentes em termos de bem-estar se as adequações não forem feitas. Por exemplo, a Tailândia mudou boa parte do seu sistema de criação para atender países europeus que antes eram nossos compradores”, avalia.
“Para a avicultura se manter no mercado nos próximos 20 anos, precisa melhorar o bem-estar no abate e na granja. Com a melhoria nos níveis de bem-estar, os animais têm uma imunidade melhor, menor mortalidade, o uso de antibióticos e medicamentos, consequentemente, é menor. Ou seja, melhorando o bem-estar, a cadeia se tornará mais sustentável e se manterá no futuro com uma atividade lucrativa”, almeja Paola.
Números da Avicultura no Brasil
– Produção: 13 milhões toneladas
– Consumo per capita – 42,84 kg
– A produção é destinada 68% ao mercado interno e 32% à exportação
– Estados exportadores: Paraná (39,13%), Santa Catarina (30,53%) e Rio Grande do Sul (14,07%)