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Sustentabilidade

Cooperativa sustentável

Cooperativas de Santa Catarina têm preocupação com a sustentabilidade. Ocesc tem liberado programas com foco na preservação ambiental.

A Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) tem liderado programas na área de sustentabilidade e preservação ambiental em parceria com outras instituições, apoiando estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas, do aquecimento global e seus impactos nas cadeias produtivas.

Nessa entrevista, o presidente Marcos Antônio Zordan e o superintendente Geci Pungan discorrem sobre múltiplos aspectos do cooperativismo catarinense.

Qual é o tamanho do setor cooperativista catarinense?

Em Santa Catarina são 263 cooperativas regularmente registradas na OCESC/OCB, constituídas em 11 ramos distintos, com mais de 1 milhão de associados, que produzem  aproximadamente 12 % do PIB catarinense e 30 % da produção agropecuária do Estado. Destaca-se ainda a participação expressiva no sistema financeiro com cerca de 4% em nível estadual e na área de saúde com mais de 1 milhão de usuários.

Como as cooperativas catarinenses se posicionam no cenário nacional?

O cooperativismo catarinense destaca-se no cenário nacional, pela união, organização, empreendimentos e potencial econômico expressivo. Alimentos produzidos por cooperativas catarinenses encontram-se em todos os estados da federação e há exportações destinadas aos cinco continentes.

Qual é a importância social e econômica do cooperativismo em Santa Catarina?

Cerca de um terço da população de Santa Catarina está, de alguma forma, ligada às cooperativas. Estas representam cerca de 12% do PIB Estadual, tendo a previsão de faturamento para 2010 em torno de 12 bilhões de reais, mantendo 35 mil empregos diretos.

De quanto é o crescimento médio anual do faturamento das cooperativas no Estado?

Em média o faturamento do cooperativismo cresce 10% a 12% ao ano.

Quantas pessoas são beneficiadas por essa rede de cooperação?

O número de associados ao final de 2009, superava a 1 milhão. Se considerado o associado + esposa + filho, teremos mais de um terço da população de Santa Catarina que, de alguma forma, usufrui de benefícios de uma cooperativa. 

Quando e como surgiram as primeiras cooperativas no Brasil? E em Santa Catarina?

Por volta de 1880 já haviam cooperativas formalmente operando em Minas Gerais. Em Santa Catarina as primeiras iniciativas de cooperativismo ocorreram em 1910.

Qual é a fatia das cooperativas brasileiras e catarinenses ocupada pelo setor agropecuário?

Em média, as cooperativas de SC são responsáveis por 30% da produção agropecuária do Estado; esta é obra de 62.941 associados e seus familiares. 

Como as cooperativas catarinenses enxergam o desafio de reter os jovens no campo?

O sistema cooperativo empenha-se em fornecer aos jovens os conhecimentos indispensáveis nos aspectos de organização da propriedade, controles de custos, melhorias na produtividade, qualidade da produção e observâncias às questões ambientais e de sanidade agrícola. São disponibilizados cursos, treinamentos, convênios, desenvolvimento de novas lideranças, além de programação na área social. Os programas citados, todos sem nenhum custo aos jovens do campo, são implementados com a consciência de que o fator mais importante para a permanência no meio rural é a renda.

As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho e no sustento da família. Nas cooperativas isso também acontece?

No cooperativismo, as mulheres têm um papel de fundamental importância e as cooperativas são estimuladas e recebem apoio financeiro da OCESC-SESCOOP/SC para o desenvolvimento de programas específicos dirigidos a estas. São atividades que abrangem desde as questões familiares e de saúde, como também nos aspectos da organização da propriedade e participação nas decisões das cooperativas. Das cooperativas que tenham trabalhos implementados para as mulheres, anualmente são selecionadas várias para o Encontro Anual das Mulheres Cooperativistas que ocorre em Florianópolis, patrocinado pelo Sescoop/SC. No ano de 2010 foram 720 participantes; em 2011 serão 1.000 participantes. 

Que mudanças essa participação tem trazido para as cooperativas?

Melhor relacionamento entre cooperativa e associados. Na medida em que as mulheres tenham pleno conhecimento das operações feitas com a cooperativa, torna-se questionadora, proporciona sugestões de melhoria, participa de decisões.

As cooperativas do Estado incentivam o trabalho e a valorização da mulher?

Em alguns ramos do cooperativismo catarinense, na área administrativa/financeira/RH predominam as mulheres. Há mulheres presidentes de cooperativas, outras com participação nos Conselhos de Administração. Há constante incentivo e programas visando maior participação nas atividades das cooperativas. No quadro social das Cooperativas em 2003, eram 538 mil associados e destes, 20,9 % eram mulheres. Em 2009, o número de associados era 1.007.496 e destes, 29,86 % eram mulheres. No final de 2009, existiam 1.886 empregados em cooperativas de SC e destes, 13.602 eram mulheres.

Num mercado cada vez mais competitivo, de que forma as cooperativas podem ajudar os pequenos agricultores a ganhar força e representatividade?

No cooperativismo agropecuário catarinense estão inseridos 62.948 associados. Destes, 20.321 são proprietários de áreas de até 10 ha; outros 33.301 são proprietários de áreas de 10 a 50 há. Portanto, cerca de 85% dos associados de Santa Catarina são PEQUENOS AGRICULTORES.  Assim, entende-se a que forma de outros pequenos agricultores ganhar força e representatividade é participar em cooperativa.

Há preocupação com sustentabilidade e preservação ambiental nas cooperativas agrícolas catarinenses? Quais as principais iniciativas nesse sentido?

A OCESC tem liderado programas na área de sustentabilidade e preservação ambiental em parceria com outras instituições (Epagri, Sebrae). Estão sendo desenvolvidos estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas, do aquecimento global e seus impactos nas cadeias produtivas em SC como também na questão de dejetos suínos com vistas a aproveitamento como fertilizantes.

Quais as principais dificuldades enfrentadas hoje pelas cooperativas?

Elevados custos tributários, trabalhistas e previdenciário. (custo Brasil). Normatização através de Agências Reguladoras (ANS, ANEEL, ANTT, BACEN); Legislações que frequentemente não levam em consideração as peculiaridades de sociedades cooperativas (que são diferentes das sociedades mercantis).

Quais os desafios e as metas para o futuro do cooperativismo catarinense?

Crescer em média 15% ao ano, elevar a profissionalização dos quadros diretivos e funcionais e agregar mais valor à produção primária para acentuar a elevação de renda dos associados.  O orçamento do Sescoop/SC para 2011 é superior a 11 milhões que são destinados à educação, capacitação, treinamentos e bolsas de estudo,  visando a profissionalização de dirigentes e colaboradores; apoio e acompanhamento aos  planejamentos estratégicos de cooperativas.