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Crise da Chapecó abala famílias

Comunidade que cresceu em torno da empresa de Xaxim se desestrutura sem o trabalho.

Da Redação 20/10/2003 -03h00 – Imagine acordar e estar desempregado. Virar para o lado e ver a mulher, também desempregada. Lembrar de seus irmãos, que estão na mesma situação. Sobra o pai, aposentado, e o sogro, que era avicultor, mas está parado.

Essa é a realidade de Arlindo Skrzypzak – que trabalhou durante 21 anos na agroindústria de Xaxim – e de muitas outras famílias do Oeste catarinense atingidas pela crise da Chapecó Alimentos. Arlindo era funcionário da empresa desde os 14 anos. Foi na Chapecó que ele cresceu, fez amigos e construíu uma carreira até o cargo de auxiliar de inspeção.

Sua jornada na empresa começava às 14h, e se estendia até meia-noite ou uma hora da madrugada. Recentemente, sua mulher, Júlia, tinha começado a trabalhar no mesmo setor, depois de 3,5 anos na empresa.

Estabilidade dá lugar à incerteza

Júlia disse que acordava e fazia rapidamente o serviço da casa e o almoço, para ir trabalhar. Mas há cinco meses, a rotina do casal mudou. Sem perspectivas, eles não têm pressa. A estabilidade deu lugar à incerteza. “A gente fica inseguro, será que a empresa vai voltar, será que vão nos chamar de novo?”, questiona Arlindo.

Para ocupar o tempo, ele vai ajudar o sogro a plantar milho e eucalipto na chácara. Júlia aprendeu a fazer crochê para passar o tempo. Cansada de esperar em casa por uma solução, ela sente falta da antiga rotina e dos colegas de trabalho.

Até das conversas da vizinhança ela está cansada. “O único assunto é a crise da empresa”, lamenta. Resta ao casal esperar e olhar para as medalhas penduradas na parede que lembram os bons tempos de empresa. “A gente era como uma família, era muito bom trabalhar lá”, diz Arlindo.