A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou o frigorífico JBS na semana passada sobre suas operações com derivativos, que são realizadas desde 2011. “[A autarquia] não tem conhecimento de nenhuma companhia aberta brasileira não financeira que utilize esses instrumentos com tamanho volume”, afirma a CVM. O regulador diz ainda que o volume de operações é associado com mudanças constantes de exposição ao risco de direcionamento (de comprado, quando se aposta na alta de um ativo, para vendido, ou seja, aposta na baixa, e vice-versa).
Para explicar as operações que realiza nesse segmento há pelo menos dois anos, a empresa reuniu seu conselho fiscal no dia 11, mostra ata do encontro divulgada nesta terça-feira. Segundo Rafael Harada, da diretoria de controle de riscos do grupo, os derivativos foram utilizados com o “intuito exclusivo de proteção patrimonial (hedge)”.
Além disso, Florisvaldo Caetano, conselheiro fiscal, reconheceu que as transações com derivativos de 2011, 2012 e 2013 constam do objeto social da companhia e também estão dentro da política de gerenciamento de risco da JBS. Demétrius Macei, outro conselheiro, concordou com a posição.
Na decisão do conselho, o material enviado pela CVM, bem como a assertiva da Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários, será entregue a auditoria independente para que se monte um trabalho especializado sobre o assunto. O órgão do frigorífico terá, então, de aprovar o texto.
As operações com derivativos despertaram as atenções do mercado em 2008 devido ao caso da Sadia. A companhia, na época, extrapolou a função de “hedge” das transações e arcou com um prejuízo total de R$ 2,48 bilhões no acumulado do ano.