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De novo em expansão, Cocamar investe em cogeração de energia

A cooperativa investe R$ 40 milhões no projeto que estará disponível já em agosto deste ano.

Redação (31/03/2009)- A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR), está investindo R$ 40 milhões em um projeto de cogeração de energia a partir do bagaço de cana. O trabalho começou no último trimestre de 2008 e a energia estará disponível já em agosto deste ano, de acordo com o diretor-presidente da cooperativa, Luiz Lourenço. Segundo ele, esse é o maior investimento único em andamento atualmente na Cocamar, que faturou quase R$ 1,4 bilhão em 2008.

Toda a energia do projeto será para consumo próprio da cooperativa. A necessidade atual do complexo industrial da Cocamar é de 13 megawatts/hora, mas a capacidade de geração própria será de 9,5 MW/hora, ou pouco mais de 70% da necessidade total. O restante da energia será fornecido pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), como já é feito atualmente.

O investimento foi possível mesmo com a Cocamar fora do mercado de açúcar e álcool. Em 2006, a cooperativa vendeu para o Grupo Santa Terezinha, o maior do setor sucroalcooleiro do Paraná, a usina São Tomé. Na ocasião, ficou acertado que os compradores se comprometeriam a fornecer à cooperativa o bagaço de cana para a unidade de cogeração que sequer havia ainda começado a ser construída. Os 12 anos correspondem ao tempo em que a usina, comprada em 1993, ficou sob controle da Cocamar.

Com isso, ainda que apenas como consumidora da biomassa, a cooperativa paranaense volta a ter algum contato com o setor sucroalcooleiro, do qual saiu desde a venda da usina. A unidade era rentável, mas precisava de investimento para ser competitiva – havia apenas 86 produtores para abastecê-la. No mesmo ano, a Cocamar desistiu também do mercado de fiação de seda.

A cooperativa reduziu, ainda, a atuação em recebimento de algodão e trigo. No caso do cereal, o recebimento caiu, nos últimos quatro anos, de cerca de 60 mil toneladas para 8 mil toneladas. Culpa das agruras específicas desse mercado, segundo o presidente Luiz Lourenço. "Não é lógico que Brasil seja exportador de trigo se ele importa metade do que consome", diz. "Os estoques no Paraná estão altos. E não é de trigo ruim, mas de trigo com qualidade equivalente à do argentino. É preciso fazer algo para estimular a comercialização".

O recebimento de soja deve repetir neste ano as 700 mil toneladas de 2008. A diferença, segundo o dirigente, será a origem do produto. A estiagem registrada no Paraná entre novembro e dezembro deve ratificar a perspectiva de queda na produtividade da cultura na safra 2008/09. Isso tem tornado mais difícil a compra do grão. "Vamos ter que comprar mais de outras cooperativas. A oferta de soja pelos nossos cooperados vai cair". No milho, espera-se 450 mil toneladas – em 2008, foram 415 mil.

A cautela dos últimos anos, que levou a Cocamar a sair de alguns setores, não impediu a volta do crescimento da receita, depois de quedas ininterruptas entre 2004 e 2006. Seu faturamento foi de R$ 1,378 bilhão em 2008, montante 25% superior ao R$ 1,1 bilhão registrado no ano anterior. Embora evite fazer projeções mais incisivas, Lourenço diz que o faturamento deste ano "certamente será maior que esse aí [o de 2008]".

Com atuação siginificativa também nos setores de café e laranja, a cooperativa credita parte do aumento de sua receita nos anos mais recentes ao crescimento também de sua atuação nas vendas no varejo. Em 2006, 25% de seu faturamento vinha da comercialização de produtos de sua marca própria, a Purity, que tem óleo de soja, maioneses, molhos e bebidas à base de soja em sua linha. Essa fatia aumentou para os atuais 32%.