Num movimento de prospecção de possíveis aquisições, a JBS S.A tem avaliado várias empresas do setor de carnes e chegou a conversar com a americana Pilgrim’s Pride, apurou o Valor. A maior empresa de frango dos EUA, que pediu proteção contra falência em dezembro do ano passado, entrou no foco da JBS porque se tornou uma “empresa propensa a ser vendida” por conta de sua situação financeira, ouviu o Valor de uma fonte próxima às conversações. Mas não há nada acertado.
Procurada, a JBS informou, por meio de sua assessoria, que “até a data presente, a JBS não tem nenhum compromisso de aquisição nos EUA. (…) qualquer aquisição ou fato relevante que envolva a JBS S/A será divulgado oficialmente ao mercado.” Já a Pilgrim’s disse, também por meio da assessoria, que “não comentamos rumores ou especulações”.
Segundo apurou o Valor, a JBS avalia de forma “mais séria” algumas aquisições num movimento para retomar o crescimento. Na divulgação dos resultados do segundo trimestre deste ano, mês passado, o presidente da empresa, Joesley Batista disse claramente: “Estamos voltando ao curso normal da empresa que é crescer por meio de aquisições e organicamente”. Ele também avisou que “nos próximos meses” a empresa discutiria “novas aquisições e novas expansões, tanto no Brasil quanto no exterior”.
Com receita líquida de US$ 7,5 bilhões entre o quarto trimestre de 2008 e o terceiro trimestre de 2009, a Pilgrim’s pediu proteção contra falência (o chamado Chapter 11) depois que custos crescentes de grãos e o excedente na oferta de aves a levaram a quatro trimestres consecutivos de perdas. A empresa, que fornece a grandes varejistas e ao food service nos Estados Unidos, arrolou dívida de US$ 2,72 bilhões em seu pedido de recuperação judicial, informou a Bloomberg, em dezembro passado.
O fato de a Pilgrim’s estar em recuperação judicial e questões acionárias – a empresa tem capital aberto na bolsa de Nova York – tornam mais complexas as negociações para uma eventual aquisição, disse fonte consultada pelo Valor. Por outro lado, uma aquisição como a Pilgrim’s se encaixaria na estratégia recente da JBS de crescer no varejo. A brasileira tem investido na sua rede de distribuição direta nos EUA.
A empresa controlada pela família Batista está no mercado americano após várias aquisições de companhias, como Swift e Smithfield, no segmento de carne bovina e suínos. Mas é neófita em frango e sempre deu a entender que essa proteína não estava em seu foco. O caso da Pilgrim’s, porém, é diferente. Entrar no frango com aquisição da companhia significaria “comprar” também um mercado já consolidado em solo americano.
Além disso, a JBS também é conhecida por investir em aquisições de empresas em dificuldades financeiras. Foi o caso da Swift nos Estados Unidos, em 2007, mesmo ano em que a JBS abriu o capital na bolsa brasileira.
Com faturamento líquido de R$ 18,5 bilhões no primeiro semestre deste ano, a JBS também se prepara para abrir o capital de sua subsidiária americana JBS USA na bolsa de Nova York (Nyse). O pedido de abertura de capital está sob análise nos EUA, e a expectativa da empresa é obter até US$ 2 bilhões com a operação. É justamente com parte desse montante que a a JBS pretende investir em novas aquisições.
De acordo com analistas, as dificuldades da Pilgrim’s começaram depois da aquisição da Gold Kist, de Atlanta, em 2007, quando assumiu dívidas da companhia. Foi também essa aquisição que levou a Pilgrim’s a ultrapassar a Tyson Foods em produção nos Estados Unidos.