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Meio Ambiente

Demanda mundial por água deve aumentar 50% em 2050

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia (CTCT) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) debatem o assunto.

Demanda mundial por água deve aumentar 50% em 2050

A crescente população mundial e o aumento per capita da procura por alimentos vão ocasionar um forte crescimento na demanda por água, que deve aumentar em torno de 50% em 2050. Pensando nisso, a Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia (CTCT) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), promoveu a Oficina Uso Racional e Reúso de Água no Setor Agrícola, para discutir maneiras eficientes do reaproveitamento da água na agricultura. “O Brasil é rico em água e, portanto, devemos preservar e conservar o recurso em termos de quantidade e qualidade”, afirmou o Coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias Filho, durante abertura da Oficina.

O evento, realizado nesta terça-feira (27/10), na sede da CNA, em Brasília, reuniu mais de 50 participantes e contou com palestras e debates sobre a gestão da oferta da água, através da ampliação, da racionalização e do reúso. “O objetivo da Oficina foi contextualizar a prática do reúso no setor agrícola, apresentando as dificuldades, desafios e oportunidades para sua implantação”, destacou Nelson.

O primeiro painel foi conduzido pelo Consultor de Recursos Hídricos da CNA, Wilson Bonança e pelo membro da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Gustavo Zarif. Os dois palestrantes levantaram questões sobre as definições dos conceitos de água bruta, água de reúso direto e indireto e destacaram as diretrizes e critérios para aplicação da resolução CNRH nº 54 de 2005. “O setor precisa de uma construção conjunta de uma normativa legal que estabeleça novas normas para a prática do reúso direto não potável da água na modalidade agrícola”, disse Gustavo.

O consultor Wilson Bonança enfatizou que o setor produtivo precisar tratar o tema com eficiência e propor uma lei de reaproveitamento da água com condições, instrumentos e ferramentas adequados que possam ser adotados e aplicados em todos os estados brasileiros. “A resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) nº 121 que define o reúso para fins agrícolas e florestais ainda não está clara e necessita de novas diretrizes e metodologias”, ressaltou.

O painel seguinte sobre a Utilização Racional da Água na Agricultura contou com o gerente de Uso Sustentável de Água e Solo da Agência Nacional das Águas (Ana), Devanir Garcia, que falou das experiências da Agência com o reúso da água na irrigação. Ele revelou alguns aspectos que devem ser considerados nesse sistema, como analisar os tipos de cultura e técnicas que serão irrigadas, a qualidade necessária para o efluente a ser utilizado, em função dos tipos de culturas a irrigar e as medidas de controle ambiental a serem adotadas.

Os expositores Antônio Teixeira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, e Demetrios Chrisrofidis, Coordenador-Geral do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) falaram sobre os cuidados do uso da água residuária na fertirrigação. De acordo com o professor Antônio, os produtores devem considerar os aspectos técnicos da adubação, uma vez que as águas residuárias servirão não para suprir a demanda por água da planta, mas sim por nutrientes das plantas. “É preciso muito cuidado na aplicação desse sistema e conferir as doses adequadas da aplicação da água na irrigação”, explicou.

Já o representante do Mapa, Demetrios Chrisrofidis afirmou que as áreas irrigadas atualmente em produção precisam funcionar melhor, aperfeiçoando a prática, com pesquisa, inovação e assistência técnica. Com relação às áreas com agricultura tradicional, o palestrante acredita que o setor deva implantar mais áreas irrigadas e identificar novas áreas com aptidão para irrigar. “Nós necessitamos de estudo e planejamento para cultivar mais áreas com técnicas sustentáveis, como o uso racional e reúso da água”, finalizou.